DEUS É SÓ UMOU NÃO É NENHUM
A procura incessante da felicidade, leva-nos a desenvolver esta ideia. O encontro com Deus, tem sido o desejo de todas as civilizações, em cujos livros sagrados se apresentam deuses muitos semelhantes aos homens. Todas as civilizações procuram um deus que os encaminhe para a felicidade, e todas as religiões, nos seus livros, dirigem o homem para a felicidade, isto é, para Deus. Os indianos aceitam a doutrina védica descrita em quatro livros: O Rig-veda, o Sama-veda, o Yahur-veda e o Athar-veda que remontam a mais de 1500 anos antes de Cristo e os conduzirá ao bem e à salvação, através de Rama e Krisna. Nos mandamentos do induísmo lê-se: " todas as religiões são iguais. Não há religião completamente perfeita ou completamente errada, tudo depende da sinceridade da alma que procura Deus". Cada civilização tem o seu Deus. Na Índia o Budismo, na China o Taoísmo de Lao-Tsé. No Japão, Confúcio. A religião hebraica com o Cristianismo, com Cristo ou Jeová, o Islamismo com Maomé. Temos um número considerável de religiões (quase dez mil) que pelo seu Deus são capazes de matar e morrer. Mas Deus é só um, ou não é nenhum. O homem que se bate pela verdade do seu deus contra o deus do seu inimigo, está aceitando uma partilha que o leva a negar aquilo que ele pretende defender com a sua própria vida, que é o seu Deus, que é a procura da sua felicidade, a qual nunca pode ser à custa da infelicidade dos outros. Se há Deus, ele é uno e único e não é o nosso deus contra o deus do nosso vizinho. Nós e o nosso vizinho ou temos o mesmo Deus ou nenhum de nós tem qualquer Deus. Se o deus do nosso vizinho for Jeová o único, o grande, o poderoso e o nosso deus for Alá, o único, o grande e o poderoso, nós só podemos estar a falar de um só Deus ou de um só engano. Ou Alá é a mesma coisa que Jeová ou Alá não existe e Jeová também não. Fazer uma guerra dos adeptos de Alá contra os adeptos de Jeová para provar a existência de um deles, é um caso de pura e simples estupidez, de crassa ignorância, de quase animalismo. Quando se diz que só Alá é grande, reduzindo assim a pequeno Jeová, quando se diz que Jeová é grande e Alá um deus de segunda ou um deus inexistente, trava-se uma discussão sem sentido, sem utilidade e sem inteligência. A felicidade nestes casos, está longe de poder ser alcançada. Quando, em vez de uma discussão, se trava uma guerra e se matam milhares de pessoas, então podemos com mágoa afirmar, que o homem é um animal de curtíssimo alcance, insensível, cruel e grosseiro. As guerras de religião, são autênticos casos de pura exploração dos sentimentos de gente muito simples, por parte de sacerdotes que são quem menos se arrisca e quem mais ganha com toda esta tramóia, levando para a morte milhões de pessoas. Da crença ao fanatismo vai um passo. Do fanatismo à guerra vai outro passo já mais curto. Porquê esta fúria sanguinária, se o mundo tem tudo, em quantidade suficiente, para alimentar os povos da terra, as aves do céu e os peixes do mar? Porquê, a fúria sanguinária? Porquê, o desejo de matar e a sanha para destruir? Será por que a guerra é a fronteira entre a morte e a vida, entre este mundo e o outro? Entre a vida e o além? A guerra representa a ordem para que a vida pare. Isto aproxima extraordinariamente o homem de Deus, mas não o faz feliz. É a ambição dos dementes, daqueles que não sabem saborear do mundo as alegrias e exageram os seus poderes. São os impotentes da vida. Aqueles, para quem a felicidade fugiu definitivamente e com o seu ódio e com a sua inveja tentam impedir, a todo o custo, a felicidade dos outros. O sentimento da felicidade está em todos aqueles que amam, não em aqueles que invejam ou odeiam. Quando Cristo dava como exemplo da vida, a paz dos lírios do campo, queria dizer que não há nada neste mundo tão precioso e tão útil, como a paz de espírito, a tranquilidade emocional e a felicidade íntima. A paz de espírito e a tranquilidade emocional, dão a possibilidade ao ser humano de agir e reagir, de maneira controlada. O ser humano é essencialmente espírito. A intranquilidade espiritual, equivale a um forte traumatismo físico. De facto, é o espírito que comanda todas as acções do corpo e cria e desenvolve todas as nossas intenções. Se o ser humano é espírito, se Deus é espírito, a felicidade está ao nosso alcance. É um pequeno acerto, uma vontade muito grande de seguir o exemplo de Deus que criou a Natureza e a sua harmonia. O homem tem de resolver todos os problemas de fome, miséria e degradação. Enquanto não o fizer, todos sofrem dos gritos que se repercutem nas nossas consciências. É o espírito a captar sinais de todos os recantos do mundo, que o acusam de não tentar resolver, com a sua quota parte, os males que os mais fracos sofrem. A felicidade está ao nosso alcance embora estejamos num mundo essencialmente agressivo, violento e onde as pessoas não confiam umas nas outras. Elas valorizam exclusivamente os seus interesses, os seus bens, os seus desejos, os seus apetites, a sua cupidez contra os outros e mesmo à custa da vida e do bem estar dos outros.
NÃO PODEMOS VIVER NUM MUNDO EM QUE SÓ NÓS ESTAMOS CONTENTESE TODOS OS OUTROS CHORAM À NOSSA VOLTA
Ser bom, não é, como muitos pensam, um sinal de fraqueza, é uma luz brilhante no coração. Nós não podemos viver num mundo em que só nós estamos contentes e todos os outros choram à nossa volta. O mal dos outros é sempre um pouco o nosso mal, embora muitas vezes não o sintamos concretamente. Dentro de nós há uma campainha que faz soar o alarme e muitos teimam em não lhe prestar atenção, por comodismo, ou por falta de sensibilidade. Muitas vezes dizemos: estou aborrecido e não tenho razão para isso. No fundo, é a consciência que nos pesa em relação ao empregado a quem pagamos mal, ao familiar a quem não prestamos atenção devida, aos amigos que só queremos para as horas felizes, o bem estar social, em que só acreditamos, quando ele começa e acaba na nossa pessoa. Estas situações são responsáveis pela angústia e pela ansiedade que provocam as guerras e as agressões e transformam, de um momento para o outro, um cidadão calmo e tolerante, num assassino implacável. |