de Portugal". Passados cinco dias era, proclamado Imperador do Brasil.

O descontentamento grassa por todo o lado. Ninguém se entende. Poucos usam a razão e a inteligência.

Em Vila Real, em Fevereiro de 1823, o Conde de Amarante, opõe-se à Constituição. É a favor do Rei absoluto. Trás-os-Montes adere quase na totalidade. No mês de Maio, o regimento de Infantaria 23, de Vila Franca de Xira, levanta-se em armas. D. Miguel junta-se aos revoltosos, congrega os regimentos da capital, que dizem querer libertar o Rei. É a Vila- Francada. D. João VI não está convencido que seja uma boa solução mas, pressionado, acaba por aceitar. O Congresso é assaltado, as cadeiras dos deputados são destruídas. D. Miguel é nomeado generalíssimo do exército. O Conde de Amarante é feito Marquês de Chaves.

Consumada a revolução, quem a passa a dominar são os mais moderados: o Marquês de Palmela e o Conde de Subserra. O Marquês de Loulé morre misteriosamente. Os revoltosos vêem que os seus planos não estão a ser cumpridos. D. João VI não sabe o que há-de fazer. Cada um apresenta uma ideia diferente. Dizem-lhe que a rainha, D. Carlota Joaquina, o quer destronar. Ele hesita. D. Miguel compreende que foi ultrapassado e a 30 de Abril de 1824 (golpe de Estado chamado Abrilada) cerca o palácio da Bemposta onde estava o Rei e propõe-se salvar a Nação, o Rei, a família real, a Santa Religião e esmagar os Pedreiros Livres (os da Maçonaria). D. João VI, aprova, por decreto de 3 de Maio, a acção de D. Miguel.

Quem não concorda são as potências estrangeiras. Os embaixadores, credenciados em Portugal, entram no Paço e convencem o Rei de que o filho lhe quer tirar o trono. Levam-no para a nau inglesa Windsor Castle. O rei destitui o filho de comandante em chefe do exército.

D. Miguel parte para o exílio.

Em 1825 são criadas as escolas régias de Lisboa e Porto.

O rei está sem forças. A 6 de Março de 1826 constitui um Conselho de Regência do Reino. Morre a 10 do mesmo mês.

Quem lhe sucede? O filho D. Pedro, Imperador do Brasil e que já tinha declarado não ter pretensão, nem direito ao trono de Portugal, ou o segundo filho, D. Miguel?

O Rei, no testamento, não indica o que devia ser feito. O Conselho de Regência acaba por declarar rei D. Pedro, o que não era previsível.

D. Pedro IV estava no Brasil e por nada deste mundo quer de lá sair. Forçado a aceitar o Reino, ordena a 29 de Abril de 1826 que seja jurada a Carta Constitucional em que eram instituídos quatro poderes de Estado: Legislativo, Executivo, Judicial e Moderador. O último era prerrogativa do rei. Havia ainda um parlamento bicamaral. A 2 de Maio abdica em sua filha D. Maria da Glória, a qual deve casar com o tio D. Miguel.

Resultado: nova série de guerras a desgraçar ainda mais o país. A 26 de Julho, Infantaria 24, faz um levantamento que aclama D. Miguel em Bragança. Segue-se Cavalaria 2, em Vila Viçosa. Estremoz, Almeida, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, parte do Minho, Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo aclamam D. Miguel. Estão contra o Liberalismo e a Carta Constitucional. O Governo pede ajuda a Inglaterra que envia uma divisão para acalmar os ânimos.

D. Pedro resolve nomear o irmão Lugar-Tenente.

D. Miguel entra em Lisboa a 22 de Fevereiro. Os seus partidários recebem-no com grandes festas e vivas ao Rei Absoluto.

D. MIGUEL - O USURPADOR

(regente - rei 1828 -1834)

D. Miguel, a 26 de Fevereiro jura a Carta e constitui novo Governo, tendo como homem de confiança o Duque do Cadaval.

A 23 de Junho e a 11 de Julho reúne os Três Estados : declaram que nem a D. Pedro, nem aos seus descendentes pertence a Coroa Portuguesa e que só D. Miguel é rei legítimo (vai dar o nome ao Legitimismo. Movimento político que reconhecia só D. Miguel como rei de Portugal e não D. Maria II ou os seus sucessores). Estava restabelecida a Monarquia absoluta que iria desencadear uma sangrenta luta fratricida por ambição, orgulho e incapacidade de entendimento entre governantes e governados.

Aparentemente o país está com D. Miguel, só a ilha Terceira nos Açores está por D. Pedro e pela filha D. Maria.

D. Pedro, incapaz de apaziguar os partidos brasileiros, que continuamente se guerreiam, resolve abdicar em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara, que contava pouco mais de cinco anos. Deixa uma Regência Provisória e resolve bater-se pelos direitos da filha em Portugal. Em França, organiza uma expedição com emigrados portugueses e oficiais estrangeiros. Segue para a Ilha Terceira, arregimenta mais umas centenas de voluntários. Ao todo são sete mil e quinhentos. Em 8 de Julho de 1832 desembarca em Arnosa do Pampelido junto a Mindelo. Dirige-se ao Porto onde é cercado pelas tropas Miguelistas durante mais de um ano. Consegue resistir.

D. Pedro constitui Governo. Mouzinho da Silveira publica um conjunto de Leis próprias de um Estado evoluído e moderno: reorganiza as finanças, extingue as sisas e o dízimo. Termina com os pequenos morgados, revoga foros e censos.

Nesta época sobressaem José Estêvão e Almeida Garrett.

Entretanto, o Duque da Terceira desembarca no Algarve e vence, perto do Cabo de S. Vicente, a esquadra de D. Miguel. Dirige-se para Lisboa onde entra a 24 de Julho de 1833.

D. Pedro consegue furar o cerco e, finalmente, chegar à capital.

A sorte das armas começa a pender a favor de D. Pedro.

Em Londres é assinado o Tratado da Quádrupla Aliança (Inglaterra, França, Espanha e o Governo de D. Maria) pelo qual se impõe um sistema liberal em toda a Península.

Em 16 de Maio de 1834, é travada a batalha de Asseiceira. O exército Miguelista é derrotado pelas forças do Duque da Terceira.

Reúne-se o Conselho de Estado em Évora. É negociada a paz. D. Miguel assina, em 26 de Maio de 1834, a Convenção de Évora-Monte que marca o fim das lutas liberais.

D. Miguel abandona o trono e exila-se de Portugal. Casou, na Alemanha,com D. Adelaide de Rosenberg. Teve sete filhos. Os seus descendentes têm sido a semente de muitas casas reinantes da Europa.
D. Duarte Pio, pretendente ao trono português é seu descente directo.

D. PEDRO IV - O LIBERTADOR

(reinou quatro meses em 1834)

Começou atribulado o Governo de D. Pedro IV. Logo em 28 de Maio de 1834, o ministro Joaquim António de Aguiar (ficou conhecido por Mata Frades) decretou a extinção das Ordens Religiosas, o que veio provocar grande descontentamento.

Muitos não acreditaram na bondade do rei e demonstraram-no sem pudor. No dia a seguir à Convenção de Évora-Monte, o rei era insultado e apedrejado. Isso fê-lo entristecer de tal maneira que acabou por ter uma hemoptise (expectoração sanguínea).

Foi decretada uma amnistia para os miguelistas. Ninguém a respeita. Começou a perseguição à Igreja. Os templos são incendiados, os conventos saqueados, as imagens, umas destruídas, outras vendidas. A Santa Sé corta relações com Portugal, o Núncio Apostólico sai do país.

O rei morre quatro meses após ter assumido a governação. Sucedeu-lhe a filha.

D. MARIA II - A EDUCADORA

(reinou de 1834 a 1853)

As lutas continuam. A guerrilha mina o país e arruína-o.

Para fazer face a compromissos inadiáveis são vendidos muitos bens nacionais. Mas os homens têm preocupações no campo social, administrativo, educativo e desenvolvimento económico.

É criada a Associação das Casas de Asilo da Infância Desvalida. Faz-se a Reforma Administrativa. O continente é dividido em 17 distritos e as ilhas em três. Entra em vigor o Código Comercial de Ferreira Torres.

Em 1835 estabelece-se a obrigatoriedade escolar o que só veio a acontecer efectivamente no final do terceiro quartel do século XX.

Página principal                    Home Page

História - Página  1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26