que Portugal não reconhece outro rei senão D. João IV. A vice-rainha quer impor-se. D. Antão convida-a a aceitar a decisão e a sair dali. A Duquesa, altivamente, pergunta-lhe: "manda-me sair a mim? E de que maneira? Carlos de Noronha responde-lhe: "Obrigando Vossa Alteza a que, se não quiser sair por aquela porta, tenha de sair pela janela."

Portugal inteiro adere à revolta. São derrubadas as armas espanholas. Nomeiam-se novos governadores enquanto D. João não chega.

A 15 de Dezembro de 1640, D. João IV é aclamado rei de Portugal.

Apesar do clima repressivo, na literatura destacam-se Frei Luís de Sousa, Diogo Bernardes, Francisco Rodrigues Lobo, Frei Amador Arrais, Frei Bernardo de Brito, Duarte Nunes de Leão, Manuel Faria e Sousa, António Ferreira.

DINASTIA DE BRAGANÇA OU BRIGANTINA

D. JOÃO IV - O RESTAURADOR

1604-1656

(reinou de 1640 a 1656)

Os espanhóis deixaram Portugal na miséria. Limparam os cofres públicos; arrecadaram para eles milhões e milhões de cruzados. Não tínhamos dinheiro, nem soldados, nem armas, nem navios. Roubaram tudo. Sabendo o estado em que nos encontrávamos, não se incomodaram em reprimir imediatamente a revolução.

D. João IV aproveitou esta auto confiança, reuniu Cortes e determinou que fossem disponibilizados dois milhões de cruzados para fazer face às primeiras despesas. Ao mesmo tempo são mobilizados todos os homens válidos para enfrentar os espanhóis que, mais tarde ou mais cedo, haviam de querer ocupar, de novo, Portugal.

Nas Cortes ficou ainda decidido que a partir dessa data (28 de Janeiro de 1641) para o futuro, o Rei de Portugal devia ser sempre português e obrigado a viver em Portugal para evitar que, através de casamentos, entre famílias reinantes, situações destas voltassem a acontecer.

Mas entre os portugueses há sempre alguns que preferem a canga à liberdade e alguns destes prepararam-se para matar D. João IV e entregar, de novo, o Governo aos Filipes. O conde de Armamar, o marquês de Vila-Real e o Duque de Caminha foram degolados, outros morreram na prisão.

O Rei entrega a defesa das zonas mais vulneráveis, como o Alentejo, ao Conde de Vimioso e a Matias de Albuquerque.

Os espanhóis atacam Olivença e Elvas a 9 de Junho de 1641. Foram repelidos.

Em 5 de Dezembro deste ano aparece o primeiro jornal português denominado "Gazeta".

No ano seguinte, os espanhóis, voltam a atacar, desta vez, em Entre Douro e Minho e a Beira. Os resultados não lhes são favoráveis. Em 26 de Maio dá-se a batalha de Montijo, cidade da província de Badajoz. Os portugueses, comandados por Matias de Albuquerque, e que voltavam para Portugal depois de terem ocupado Montijo, são atacados por um numeroso exército espanhol e de mercenários holandeses. Ao principio, estes levam a melhor, mas reorganizados, os portugueses derrotam-nos totalmente.

D. João IV, para além da defesa interna do país, sabe que lhe é fundamental contar com países amigos; assim, são enviados embaixadores e mensageiros a todos os lados para ser conhecido que Portugal voltou a ser um país independente.

Para a Catalunha vão os jesuítas Inácio Mascarenhas e Paulo Costa. Para a França segue uma embaixada dirigida por D. Francisco Manuel de Melo (1611-1667). Foi um dos mais notáveis escritores portugueses. São dele "Carta de Guia de Casados", "Auto do Fidalgo Aprendiz" "Apólogos Dialogais" etc. Escreveu mais de cem volumes. Acusado, sem fundamento, de homicídio, esteve preso nove anos na Torre de Belém.

Em 1646, Nossa Senhora da Conceição é declarada padroeira de Portugal.

Em 1647 é proibida a escravização dos Índios.

É fundada a Academia dos Generosos.

D. Antão de Almada, Francisco de Andrade Leitão e António de Sousa Macedo são enviados a Londres. Na época a Grã Bretanha era governada por Oliver Cromwell, 1599 - 1658 (Cromwell, derrotou o rei Carlos I, mandou-o guilhotinar, proclamou a República e declarou-se seu protector.) Com Cromwell a Inglaterra consolidou a supremacia nos mares, obrigando a Holanda a reconhecer o Acto de Navegação, que proibia a entrada, nos portos ingleses, de navios estrangeiros que transportassem produtos de outras nações; só os navios ingleses podiam fazer os fretes o que obrigava os armadores ingleses a construir continuamente embarcações. A missão dos nossos embaixadores não foi fácil, mas atingiu os fins pretendidos.

Para a França e Holanda é enviado o Padre António Vieira, o maior orador sagrado da sua época.

Na Dinamarca não somos bem sucedidos, mas na Suécia, além de um tratado de comércio, conseguimos que nos fornecessem material de guerra.

Os espanhóis minimizaram a capacidade de recuperação dos portugueses. Foi um erro. D. João IV preparou, cuidadosamente, o exército e a defesa.

No Brasil conseguimos expulsar os diversos usurpadores e Salvador Correia de Sá escorraça de Angola os holandeses.

A Santa Sé, continua a defender, beatificamente, os seus interesses. O Papa Urbano VIII não quer desagradar ao rei Castelhano. Não só não recebe o nosso embaixador, D. Miguel de Portugal, Bispo de Lamego, como não confirma os bispos apresentados por D. João IV.

A Santa Sé não nos reconhece como país independente.

D. AFONSO VI - O VITORIOSO

(reinou de 1656 a 1667)

Em 1656 morre D. João IV. O primogénito D. Teodósio já tinha falecido, sucede-lhe o segundo filho, D. Afonso, que tinha treze anos e era pouco mais que mentecapto. Toma conta da governação a rainha viúva.

A situação do país vai piorar. A Espanha tinha dominado a Catalunha. Os espanhóis voltam-se, em força, contra Portugal. Em 1657 perdemos Olivença. Em 14 de Janeiro de 1659 atacam Elvas. Os portugueses, comandados pelo Conde de Cantanhede e pelo general André de Albuquerque (morreu na batalha), esmagam os espanhóis na batalha de Linhas-de-Elvas.

Em 7 de Novembro de 1659 a Espanha e a França fazem as pazes. O cardeal Mazarino deixa de nos ajudar.

Filipe IV vê chegada a hora para reocupar Portugal. Em 1661, D. João de Áustria, filho bastardo de Filipe IV conquista Ouguela e Arronches. Em 1662 Vila Boim, Borba e Juromenha.

Neste mesmo ano o Conde de Castelo Melhor, (Luís de Vasconcelos e Sousa), Sebastião César de Meneses e António de Sousa Macedo fazem um golpe de Estado contra a rainha regente e tomam conta do Governo com a anuência do rei.

Logo que a monarquia foi restaurada em Carlos II, de Inglaterra, este casa com a Infanta D. Catarina de Bragança, irmã do rei, e recebe, como prenda, dois milhões de cruzados, Tânger e a ilha de Bombaim (Índia). A velha Aliança volta a funcionar, embora com um juro altíssimo.

Em 1663 os espanhóis conquistam Évora.

O Conde de Castelo Melhor, com o título de Escrivão da Puridade, tinha as funções de Primeiro Ministro, decreta a mobilização geral para enfrentar o inimigo.

O Conde de Vila Flor, à frente dos defensores do Reino, dá batalha aos espanhóis em Ameixial. O inimigo deixa 4000 mortos, 6000 prisioneiros, muitas peças de artilharia, os mais diversos despojos. O estandarte de D. João de Áustria fica na posse dos portugueses.

Em 17 de Junho de 1665, o Marquês de Caracena vem com um enorme exército. O Marquês de Marialva e o Conde de Schomberg (general alemão) esperam-no em Montes-Claros (Alentejo). Infligem-lhe uma derrota pesadíssima. Mais de 10.000 mortos.É apresado inúmero material militar. A partir deste momento os espanhóis puseram de parte a veleidade de ocuparem Portugal.

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