sacrifício do honrado homem. O príncipe prosseguiu, sem pruridos de consciência, a tarefa iniciada pelos pais.

Como D. Teresa, depois da morte do marido, se tivesse ligado ao fidalgo galego Fernão Peres de Trava, e muitos fidalgos galegos fizessem parte do seu séquito, o que era contrário à ideia da separação da Galiza, D. Afonso resolveu combatê-los. Em 24 de Julho de 1128 deu-se a batalha de S. Mamede, junto ao castelo de Guimarães. D. Teresa e os seus companheiros de armas foram derrotados.

D Teresa saiu de Portugal. Faleceu dois anos depois em Leão. Repousa na Sé de Braga onde se encontra ao lado do marido. Portugal tinha-se libertado da Galiza, mas continuava sujeito ao rei de Leão.

O jovem Afonso não se conforma só com a autonomia. Quer ser independente.

Afonso VII era seu suserano. Suserano era o senhor de quem dependiam outros chefes de menor importância. Portugal era um feudo (propriedade) do rei, e Afonso Henriques seu súbdito. Tinha de lhe prestar vassalagem. Isso estava fora dos seus projectos. Obedecer não era com ele. Em vez de obediência e vassalagem, o jovem Afonso atacava terras de Leão e Castela.

Em 1131 muda a capital de Guimarães para Coimbra.

Em 1137 vence os Leoneses na batalha de Cerneja. Mas, tal como o pai, sabe que só a Igreja lhe pode valer. Afonso Henriques vai buscar o francês Bernardo, para bispo de Coimbra. Edifica ao mesmo tempo o Mosteiro de Santa Cruz e coloca-o sob a protecção da Santa Sé. Mais tarde funda e protege a construção do Mosteiro de Alcobaça. Dota-o de um couto enorme onde os monges podiam arrotear a terra, ensinar a ler e organizar populações. Os lugares ficavam defendidos e beneficiados pelo saber que os monges divulgavam.

Os abades cistercienses de Alcobaça eram tidos em grande conta pela Santa Sé. D. Afonso bem precisava que assim fosse. Os desentendimentos com o rei de Leão continuavam.

Os mouros conheciam estas quezílias e aproveitavam-nas. Afonso Henriques convence o rei de Leão a fazer as pazes, em Tui. A seguir lança-se sobre os mouros e vence-os na batalha de Ourique em 25 de Julho de 1139. A partir deste momento D. Afonso Henriques considera-se rei de facto. Comunica essa decisão a Afonso VII. Este não aceita.

Em 1140 dá-se o Torneio de Valdevez entre cavaleiros Portugueses e cavaleiros de Leão e Galiza. Saem vencedores os cavaleiros de Afonso Henriques.

D. Afonso Henriques aproveita as boas graças da Igreja, e, por intermédio do Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, faz que o Papa Inocêncio II aceite a sua vassalagem contra o pagamento de um censo (quantia que os reis pagavam ao Papa) de quatro onças (onça=31gr) de ouro por ano.

O Arcebispo envia o Cardeal Guido de Vico junto de Afonso VII, obtendo deste, no tratado de Samora (Zamora), o título de rei, que D. Afonso Henriques passa a usar, de facto e de direito, em 1143.

A Santa Sé e o Papa Lúcio II, só o tratam por Dux.

Os homens da Igreja eram os mais prudentes e os mais cultos; aqueles que sabiam ler, contar e interpretar. Utilizavam o conhecimento, a ponderação, a inteligência. Eles nunca poderiam desagradar ao rei de Castela, Leão e Aragão. O espaço territorial e as gentes que o ocupavam eram muitíssimo superiores às terras e às gentes de Portugal. Só quando a Santa Sé viu que D. Afonso Henriques e os seus companheiros de armas, como Geraldo Sem Pavor, Martim Moniz, Gonçalo Mendes da Maia e Egas Moniz não eram homens de vergar, começou a considerá-lo de maneira diferente.

D. Afonso Henriques reforça a defesa criando, junto à fronteira de Leão, municípios autónomos (tinham leis próprias) para prevenir qualquer ataque Leonês e prepara-se para alargar o território para sul.

Em 1147, D. Afonso Henriques, aproveita uma chegada de Cruzados ao Porto, convence-os a ajudá-lo a desalojar os mouros. Lança-se à conquista de Santarém, Lisboa, Sintra, Almada, Palmela. Em 1158 conquista Alcácer do Sal, Serpa, Juromenha, Beja, Évora Moura, Cáceres, Trujilho.

Afonso Henriques é homem de rara visão política. Sabe conquistar povoações e atrair para a sua causa os vencidos. Em 1170 concede foral aos mouros livres de Lisboa e das povoações ao sul do Tejo, oferecendo-lhes os mesmos direitos que os dos cristãos.

Em 1172 a Ordem de Santiago fixa-se em Portugal. São-lhe entregues para guarda e usufruto: Arruda, Alcácer, Almada e Palmela. É a maneira de conservar as conquistas.

Em 1179, o Papa Alexandre III, pela bula "Manifestis Probatum", trata, finalmente, D. Afonso Henriques por rei.

A vida de D. Afonso Henriques é uma batalha constante. Já no seu termo, ao atacar Badajoz, fica prisioneiro do genro, Fernando II de Leão. Este liberta-o depois de ter recebido uma compensação de guerra.

Em 1182 nomeia Julião Pais chanceler-mor (equivalente a primeiro-ministro). Era o primeiro passo para a organização administrativa do país.

Afonso Henriques faleceu em 1185. Fundou, governou, aumentou e consolidou Portugal durante 57 anos. Jaz na igreja de Santa Cruz de Coimbra.

D. SANCHO I - O POVOADOR

(reinou de 1185 a 1211)

D. Sancho I foi chamado de "Povoador" em virtude de ter colocado habitantes em lugares onde não havia ninguém para os trabalhar e defender, e os árabes (mouros, muçulmanos, sarracenos) podiam ocupar.

Convidou muitos colonos estrangeiros para aqui se fixarem. Utilizou, tal como seu pai, os serviços da gente ligada à Igreja, para convencer as pessoas a viver em Portugal. Guilherme, Deão de Silves ( O Deão é um dignitário eclesiástico que preside ao cabido. O cabido é o conjunto de cónegos de uma catedral) foi por essa Europa fora arregimentar gente da França e da Flandres (zona da Bélgica e da Holanda) para povoar o país.

Embora pequeno, Portugal não tinha gente suficiente, nem para o defender, nem para o desenvolver. Aqui se misturaram povos de todas as raças, de todos os credos e de todos os sangues.

Ele soube concretizar o pensamento do pai e dos avós ao consolidar um país onde os povos se sentissem livres e seguros. Entregou parte das terras a colonos franceses e flamengos e às Ordens Militares (as Ordens Religiosas Militares: Templários, Santiago, Hospitalários, Calatrava, nunca combatiam contra os reis cristãos) que se tinham formado por causa das Cruzadas. Alguns dos monges guerreiros acabaram por se fixar no território devido às benesses concedidas pelo rei.

Em 1195 dá ao Castelo de Leiria, e ao seu termo, a categoria de município (a cidade tinha leis próprias).

No início do reinado, D. Sancho, tenta fixar as fronteiras até ao Algarve: conquista Alvor, Silves, Albufeira, mas os árabes contra atacaram, fazendo-lhe perder estas terras e ainda Alcácer, Palmela e Almada. A partir deste momento o rei compreendeu que valia mais um pássaro na mão do que dois a voar. Dedicou todo o cuidado a tornar estável o pequeno território e a deixá-lo crescer naturalmente.

D. Sancho I, apesar de utilizar os serviços da Igreja, teve contudo alguns conflitos com os bispos do Porto, de Coimbra e ainda com a Santa Sé devido ao pagamento do censo.

Em 1210, D. Sancho, isenta o clero do serviço militar, salvo em caso de invasão árabe.

D. Sancho I lutou com dificuldades de toda a espécie, desde a peste, tremores de terra, fome e guerras; mesmo assim deixou consolidado e rico o pedaço de terra que pouco ia além de Lisboa.

Foi no reinado de D. Sancho I que nasceu o taumaturgo Santo António de Lisboa (1195-1231).

A poesia dá os seus primeiros passos. D. Sancho I é um dos nossos primeiros trovadores.

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