É necessário casar o Rei para assegurar a continuidade da monarquia. É consertado o
casamento com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, mulher lindíssima que, mesmo assim, não
consegue atrair o marido. Este repudia-a. O irmão do Rei, D. Pedro, conluiado com a cunhada, com
a nobreza e o clero, força a queda do Rei. O Conde de Castelo Melhor demite-se, foi viver
para Londres, onde prestou relevantes serviços a D. Catarina de Bragança, mulher de Carlos II
de Inglaterra.
Sem o Conde de Castelo Melhor, o Rei pouco mais era que um zero. O irmão toma conta
do Reino e nomeia-se Curador de Sua Majestade e Governador do Reino. É pedido a
anulação do casamento de D. Maria Francisca com D. Afonso VI, por falta de consumação do
casamento. D. Pedro casa com a cunhada em 1667.
D. PEDRO II - O PACIFICO
(governou desde 1667, reinou, depois da morte do irmão, de 1683 a 1706)
A 13 de Fevereiro de 1668 é assinada a paz com a Espanha pela qual todas as conquistas,
de parte a parte, seriam restituídas com excepção de Ceuta cujo Governador preferiu
bandear-se com os espanhóis.
Só depois de firmada a paz com Castela, a Santa Sé volta a reconhecer a independência
de Portugal.
Em 1677, a moeda deixa de ser batida a
martelo. São introduzidos os engenhos para
a cunhar por processos mecânicos. Em 1686, a moeda começa a ser serrilhada para
evitar o cerceio.
As moedas de prata e ouro não tinham serrilha, então, os mais atrevidos limavam-nas,
um pouco, para obterem esses metais. A moeda continuava a circular sem perder o valor.
Desta prática eram acusados os judeus.
Como diria o meu amigo Dr. Manuel da Silva Guimarães, que foi estudar para a
Universidade de Coimbra, em 1957, com vinte escudos (10 cêntimos) no bolso: "não é a pobreza que está contra os pobres. É
a ignorância que não os deixa ver as oportunidades da vida."
Em 1687, tenta-se a introdução do papel
moeda.
O ouro do Brasil começa a afluir a
Portugal.
Ainda se faziam sentir os efeitos da guerra com Castela quando rebentou um conflito
entre várias potências da Europa por causa da sucessão ao trono de Espanha. Vai desenrolar-se
a chamada guerra da Sucessão (1701 - 1713).
Portugal vê-se forçado a entrar no conflito que opunha a Casa de Áustria e
a França. Ao principio, Portugal apoia a França, a quem o rei de Espanha tinha deixado o
trono na pessoa de Filipe, Duque de Anjou. Mas D. Pedro II, depois da morte da primeira
mulher, casa com uma Princesa austríaca; D. Maria Sofia Isabel de Neuburgo. Depois
de muitas pressões, denuncia o primeiro tratado e une-se à facção austríaca em defesa
do arquiduque Carlos.
Em 1704, o arquiduque Carlos de Áustria é autorizado a desembarcar em Lisboa. Vai
sobre Espanha. As suas tropas ficam na fronteira, as nossas, comandadas pelo Marquês das
Minas, entram em território inimigo, vencem o exército espanhol e francês, tomam Cidade
Rodrigo, Salamanca e Madrid. O Arquiduque é aclamado rei.
Em 1703 é assinado entre Portugal e Inglaterra o Tratado de Methwen pelo qual o nosso
país permitia a entrada, para sempre, de manufacturas e panos ingleses. A
Grã-Bretanha comprometia-se a receber também, para sempre, os vinhos portugueses com a redução
para um terço das taxas alfandegárias.
O Pe. Manuel Bernardes, publica: "Luz e Calor."
D. JOÃO V - O MAGNÂNIMO
(reinou de 1706 a 1750)
D. João V herdou um período de guerra. Logo em 1706 perdeu a batalha de Almança.
Em 1709, e sempre por causa da guerra da Sucessão, perde a batalha do Caia.
Entretanto o arquiduque Carlos, é designado herdeiro do trono da Áustria.
Desinteressa-se do trono espanhol. Em 1713 foi assinado o Tratado de Utreque pelo qual eram restituídas
a Portugal as praças perdidas e a colónia de Sacramento, na América. Filipe, Duque de
Anjou, ficava com a Espanha. A França mantinha a sua integridade territorial. A Inglaterra
ficava com a maior parte. Era-lhe concedido o domínio sobre a Terra Nova, parte do Canadá e
ainda Gibraltar.
D. João V começou a receber um quinto do oiro que vinha do Brasil. Com esse
dinheiro mandou reconstruir e municiar todas as praças raianas. Criou os arsenais de Lisboa e
Estremoz, a Fábrica de pólvora de Barcarena e Academias militares em Elvas e Almeida. De igual
modo a marinha foi reorganizada e o número de navios aumentado.
Criou a primeira Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros.
É construído o Convento de Mafra, o Hospital das Caldas da Rainha e a fabulosa Capela de
S. João Baptista que está na igreja de S. Roque em Lisboa.
Em 1713 sai legislação que proíbe o curso de moeda
cerceada.
Em 1716 o Papa Clemente XI pediu ajuda contra os Turcos. D. João V enviou uma
armada comandada pelo almirante Lopo Furtado de Mendonça que, a 19 de Julho de 1717,
desbaratou o inimigo na batalha de Matapão.
D. João V, consciente do seu valor e da sua força, nunca mais deixou que outros nos
dessem ordens: durante 14 anos cortou relações diplomáticas com a França, suspendeu as
relações com a Santa Sé e quase entrou em guerra com a Espanha por esta ter ofendido o
Embaixador de Portugal em Madrid.
Em 1719, Bartolomeu de Gusmão patenteia uma máquina voadora (a Passarola). A Inquisição
persegue-o. Ele foge.
Em 1727 é introduzido o café no Brasil.
Em 1732 começa a construção do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa e a Igreja
dos Clérigos no Porto.
D. João V conhecia profundamente o país e as suas carências. A arte é-lhe
principalmente cara. Criou a Biblioteca da Universidade de Coimbra. Fundou a Academia Real da
História. Institui, em Roma, a Academia de Portugal e uma Escola de Música.
Em 1735 decreta que nenhum militar possa subir de posto desde que não saiba ler.
Em 1738,a Misericórdia de Lisboa cria a Lotaria.
Com a explosão do saber aparecem as Academias: a dos Retóricos, dos Anónimos,
dos Aventureiros, dos Ocultos, dos Laureados, da Liturgia, etc.
O rei teve a sorte de com ele trabalharem, colaborarem ou viverem, no seu tempo,
homens como Diogo de Mendonça Corte-Real, D. Luís de Meneses (Conde da Ericeira) que
escreveu o "Portugal Restaurado", António Guedes Pereira, Cardeal Mota, José da Cunha
Brochado, Conde de Tarouca, Visconde de Ponte de Lima, Frei Manuel do Cenáculo, Marco António
de Azevedo Coutinho, D. Luís da Cunha, Rafael Bluteau, D. António Caetano de Sousa,
Contador Argote, Padre António dos Reis, além de muitos outros que foram perseguidos pela
Inquisição e se expatriaram como Ribeiro Sanches, Francisco Xavier de Oliveira, (o cavaleiro de
Oliveira). Outros são presos e queimados, pela (santa) Inquisição, em auto-de-fé como aconteceu a
António José da Silva, o judeu.
No fim da vida D. João V ficou hemiplégico (paralisou de um dos lados do corpo). Os
negócios de Estado sofreram com a doença do Rei.
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