LIS
Perguntas-me quem sou? Nem eu sei bem. Sou a mistura do bem e do mal. Sei lá, sou talvez um sonho irreal, Sou vida, sou tudo e não sou ninguém.
Mas diz, para ti, quem eu sou também? Serei somente um ser sensual Que procura o prazer animal, Ou para ti, serei mais do que alguém?
Se me perguntas o que quero ser, Se luto pela vida e não quero morrer Fazendo-o assim com tamanho ardor.
Eu responder-te-ei quase a sorrir, Levemente sem te saber mentir: Vim à Terra e vivo pelo teu amor.
Sintra
QUERELA ÍNTIMA
Ouvi o fero mar, um mar revolto, Em fúria louca chocalhando as rochas. As correntes que o prendiam tinham-no solto E as vagas de contentes formavam tochas.
Espumava alegria como os velhinhos, Que cansados da vida que levaram Esperam a morte muito encolhidinhos Sufragando seus erros que ficaram.
Eu vi simbolizada a liberdade, Neste mar revolto e embravecido Preso e agrilhoado, tantos anos.
E eu, jovem, pulsando de ansiedade, Sinto-me como o mar enlouquecido Lutando na terra, contra tantos enganos.
Lisboa |
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