AO AVÔ

Antes do cair da folha

Tu tombaste,

Como que amarelecido pelo tempo.

Não tive tempo de me despedir.

Não disseste que ias partir

E eu faltei à abalada.

Tantas vezes que penso em ti!

Como recordo a vida que levaste,

Sonhaste só com oiro e oiro,

Com peças reluzentes a tilintar.

Desprezastes o viver bem por elas.

E, afinal, diz-me o que lucraste?

Para onde partiste…

Também se mercandeja

Ou vive-se só com o espírito?

Se assim é, estás mal,

Não há emprego de capital

E tu viverás infeliz.

Adeus avô.

Saudades até um dia.

O dia em que te encontrar

Nessa vida lá do além

Em que poucos acreditam.

E em que estou céptico também.

Penamacor

PEDIDO

Ó vós corpos lânguidos sensuais

Que buscais o prazer a toda a hora,

A marca hereditária já ideais

Nos filhos que tereis p'la vida fora.

Ó vós, gentes imundas que inundais

Este mundo em que viveis agora;

Parai! Esquecei festas e bacanais

Vede se este mundo não melhora.

Lisboa

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