Tal como o Universo que foi criado por um pequeníssimo ponto de energia pura, e que ao longo de mais de trezentos e quarenta biliões de anos criou, paciente e meticulosamente estrelas, mares, terras, animais e plantas, assim Portugal saiu de um pensamento, se ergueu, desenvolveu, destapou países até então escondidos da civilização e criou novos patrimónios da humanidade. Na Europa somos o País com as fronteiras mais antigas. Sinal que somos gente capaz. Embora o país esteja de rastos e seja alvo da chacota e do desprezo de todo o mundo, mesmo daqueles que não o dizem ou não o aparentam, os Portugueses são tomados como os coitadinhos ou os imbecis da Europa, a verdade é que não somos. Basta relembrar que à frente e como Presidente da União Europeia temos o Durão Barroso; que entre os mais destacados neuro cirurgiões do mundo, o António Damásio, além de um Prémio Nobel, o Saramago, um Siza Vieira e mais umas quatro centenas de outros que vendem lá fora, a inteligência, que aqui é não é aproveitada. Dentro do País temos também várias centenas espalhados nos sectores mais diferenciados. Continuo a afirmar que os portugueses são muitíssimo inteligentes. Querem uma lista de pessoas, conhecidas, que podem levantar este País? São de Diferentes quadrantes políticos. O País não é só um? Não queremos todos o mesmo? O Partido que ganhar, pede aos ex - opositores o elemento que lhe falta. Não têm coragem para o fazer? Nem um pede nem outro empresta? Então deixem-se de políticas a menos que os do mesmo Partido sejam todos muito bons. De qualquer maneira deixo aqui uma lista para melhor explicitar a ideia: Abel Mateus, António Borges, António Dias Sequeira, António Lourenço dos Santos, António Mexia, António Vitorino, Assunção Esteves, Belmiro de Azevedo, Carlos Carvalhas, Carlos Melo Ribeiro, Conceição Oliveira, Eduardo Marçal Grilo, Ferreira de Oliveira, Guilherme de Oliveira Martins, Hermínio Marques Ferreira, Jaime Gama, Leonor Machado, Ludgero Marques, Maria João Rodrigues, Marques Mendes, Mota Amaral, Nobre Guedes, Nuno Morais Sarmento, Octávio Teixeira, Patinha Antão, Paulo Portas, Pedro Roseta, Rui Pena, Saldanha Sanches, Santana Lopes, Vital Moreira, Zita Seabra e tantos e tantos outros que serviriam o País sem andar de mão estendida a implorar mais vencimento e a mostrarem, com o seu exemplo, que a honestidade, o trabalho e a inteligência estão no seu brasão de honra.
Conto-lhes três histórias de homens que queriam servir o País. O senhor António Champalimaud, um dia pediu-me para ir à sua casa na Lapa. Eu nunca tinha falado com ele pessoalmente, nem tinha nada que me ligasse à pessoa em causa. Era um homem muito frontal. Foi directo ao assunto. Queria ser Presidente da República e tinham-lhe indicado o meu nome, ainda hoje não sei quem, como o mais capaz para lhe estudar as possibilidades e para levar a ideia por diante. Disse-me imediatamente que seria bem remunerado. Falou-me numa quantia muitíssimo elevada. Aceitei a tarefa e durante quase dois meses contactei imensa gente, dos mais variados extractos sociais. Não recolhi mais de 2% de opiniões favoráveis a uma hipotética candidatura do senhor António Champalimaud a Presidente da República. Uns achavam que o momento não era propício, outros que ele era um fascista, outros que tinha ganho a fortuna à custa dos trabalhadores e poucos concordavam, acreditando que um homem que tinha sabido ganhar dinheiro, também o sabia distribuir e que ele iria fazer tudo para coroar a vida com o melhor que ele pudesse dar ao País. Voltei à Lapa e apresentei os resultados. Mesmo assim não se convenceu e disse-me: - Mas eu tenho três milhões de contos para investir na campanha. Respondi-lhe que nem que tivesse trezentos milhões. Conheço bem o povo. Nesse tempo já tinha escrito alguns milhares de páginas sobre esta gente. Conheço-os. São como eu. Quando teimam não há ninguém que os vire ou os vença. António Champalimaud voltou a argumentar e a insistir. Respondi-lhe que era dinheiro deitado à rua. Começou a ficar aborrecido, a história é grande, acabei por não lhe aceitar um cêntimo, apesar da sua insistência em pagar o trabalho apresentado. Nunca mais nos encontrámos. Senti que ele ficou ofendido comigo. Não com o Povo. Demonstrou-o ao oferecer a sua Fundação, agora dirigida pela Doutora Leonor Beleza. Quem me contactou também para o mesmo efeito foi o General Kaúlza de Arriaga. Com esse, os contactos foram sempre telefónicos. Telefonava-me à noite para casa, mas como era Presidente do Clube Thomarense, considerado o clube dos ricos e também Presidente da Sociedade Nabantina, considerada o clube dos pobres, ou estava num lado ou noutro. Com o General Kaúlza disse-lhe imediatamente que não aceitava, não por falta de consideração por um homem, que eu considerava honestíssimo, mas sim porque sabia o resultado a que levariam as eleições. Julgo que ficou triste com a minha decisão pois nem encontrar-me com ele aceitei. Não valia a pena. Éramos dois a ser enganados se ele concorresse. O povo não queria. Alguma comunicação social tinha exagerado na apreciação destes homens de trabalho, inteligentes e amantes da sua Pátria. O povo estava muito influenciável. Hoje já começa a saber o que quer e a distinguir o trigo do joio. Hoje, o povo já vota mais nas pessoas que compõem os partidos do que no próprio Partido que eles tinham escolhido inicialmente. O terceiro foi o General Spínola, esse não sei o que desejava, nem me interessou saber. Embora imaginasse. Quem me contactou várias vezes, como seu porta-voz, foi o coronel Vasco Salema, tio de minha mulher, um homem de honestidade exemplar e militar de honra. Não cheguei a encontrar-me com o homem. Nunca consegui esquecer que ele tinha abandonado a direcção do barco e nisso continuo firme nos princípios. O capitão ou salva o barco ou afunda-se com ele. Abandoná-lo à sua sorte quando acendeu um rastilho, quando deu azo a transformar um levantamento de rancho, por questões de reivindicação salarial, em pronunciamento político, quando aceitou apadrinhar os capitães para dar credibilidade ao acto e depois foge? Com gente desta não os consigo olhar de frente. Aqui tem três personagens diferentes, mas todas com uma ideia do País que gostariam de ter sem se preocuparem nem com maiorias ou minorias. Nos dias de hoje temos de nos interessar por todos, mas cortar a direito. Sem um pouco de dor nem o próprio amor sabe bem. Depois de passar, a felicidade está à frente de todos e só não a aproveita quem exacerba as suas exigências por ignorância ou por arrogância.
Já que ninguém ensina como se pode viver de maneira diferente no mais belo País do mundo, aquele que tem o melhor clima, as melhores praias, o melhor vinho, o melhor azeite, o melhor queijo e a melhor gente, só lhe posso dizer: não tenha vergonha do seu País como tem vergonha dos seus governantes. Se os governantes lhe causam desilusão desde o Presidente da República, aos Ministros e aos Deputados, nunca baixe os braços. O Português nunca precisou que o ensinassem a governar, simplesmente no século XXI as regras de vida mudaram radicalmente. Hoje aprende-se mais num dia do que se aprendia em cem anos, entre os séculos VII e VIII. A aprendizagem tem de se fazer todos os dias. Hoje são outros que avançam o conhecimento, mas já houve tempo, no século XVI, que esse conhecimento era determinado pelos portugueses. Tem de acreditar em si, na sua força e na sua inteligência. Nunca desanime, não pense que tem de viver toda a vida na mediania ou a viver assim, assim. Mas também não queira viver de expedientes. Não é preciso. Hoje o seu País não é só Portugal. A partir de 1985 cresceu, ganhou corpo, alargou-se, fundiu-se. O seu País é toda a Europa. É um espaço rico onde prosperam os mais trabalhadores e os mais inteligentes. Posso assegurar-lhe que pode ser um deles. As portas estão abertas, basta querer, para saltar da escravatura que é a pobreza e o comedimento envergonhado, e entrar no clube dos ricos. É só submeter-se a um trabalho organizado, a uma gestão perfeita e passa imediatamente de um simplório a cidadão com conta no banco e livre. No seu País também é livre. Mas de que lhe serve? Olha para o ar, roça-se pelas esquinas, implora uns euros aos pais ou aos amigos, importuna o Governo, parasita. Isso não é viver, é rastejar. Se não quer, por agora, trabalhar na terra onde nasceu, largue o seu lar, largue o comodismo e faça-se à vida. Ou quer passar o resto do tempo a lamentar-se, a dizer que é um infeliz, que os governantes são umas bestas, que eles são culpados de tudo quanto acontece? Eu continuo a insistir que o culpado é você. Claro que não concorda. Os políticos têm falhado. Dão uma no cravo e duas na ferradura. De batimento em batimento, o seu, o meu e o orgulho de todos os portugueses tem-se vindo a deteriorar. Começamos a sentir que pouco valemos e começamos a acomodar-nos à situação. Mas isso não pode acontecer. As energias dos seus antepassados redemoinham na atmosfera e todo o Universo pode sofrer com as suas preocupações. Como havemos de sair desta triste condição? É simples. Se os Governantes não conseguem Governar este País, mostre-lhes, que, sempre respeitando as leis, sabe criar riqueza e felicidade. |
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