D. AFONSO II - O GORDO

(reinou de 1211 a 1223)

Se os dois primeiros reis se preocuparam em fortificar, aumentar e povoar o território segundo as suas possibilidades, D. Afonso II tem uma tarefa ingrata: travar as ambições de suas irmãs que, apoiadas pelo Papa Inocêncio III, se recusavam a pagar impostos nas muitas terras que possuíam. Impensadamente punham em causa a independência nacional pela ganância que cega os ambiciosos e os parasitas, não os deixando usar a inteligência e esquecendo que não trazemos, nem levamos nada deste mundo.

O rei Afonso IX de Leão aproveita a discórdia e invade Portugal. É repelido.

D. Afonso II convoca para Coimbra, em 1211, as primeiras Cortes, também chamadas Concílios ou Cúrias ( assembleias consultivas de que faziam parte os nobres e o clero, que era o elemento predominante), de que há memória escrita, logo aí estabelece as regras da governação, não poupando a Igreja a quem já muito tinha sido dado, e que exagerava nas suas reclamações.

Em 1212 presta auxílio ao sogro, na Batalha de Navas Tolosa, com a finalidade de proteger a península contra os ataques muçulmanos.

D. Afonso II, conhecedor das dificuldades internas, em vez de combater os mouros e alargar o território para sul, resolve arrumar e administrar a casa. Aparece assim o primeiro livro para registo oficial dos Diplomas Régios.

Em 1220 manda fazer Inquirições e Confirmações gerais, para saber quem tinha direito a quê. Desta maneira muitas terras voltaram à posse do rei. Fortalece o poder real e consolida o Estado.

Faz publicar a primeira Lei de Desamortização que proíbe às Ordens religiosas e aos mosteiros comprar bens fundiários (terras agrícolas).

Os Dominicanos e os Franciscanos instalam-se no país. Vão desempenhar um papel importante, mas não suficiente, no ensino. A cultura literária era monopólio na Igreja. Os clérigos só ensinavam a quem a eles se submetia. Era a maneira mais fácil e mais escabrosa para dominar os ignorantes. Os analfabetos deviam rondar os 95 por cento da população.

D. SANCHO II - O CAPÊLO

(reinou de 1223 a 1247)

D. Sancho II tinha treze anos quando subiu ao trono. Viu-se envolvido, imediatamente, nas intrigas e nos desejos imoderados das tias, dos clérigos e dos fidalgos. Em vez de pensarem na defesa do reino, continuavam a pensar só nos seus interesses. Tiveram a sorte de os árabes também não se entenderem entre eles.

O jovem rei, descura as intrigas e, com visão de Estado, aproveita a ajuda dos cavaleiros da Ordem de Santiago, vai sobre os árabes e conquista-lhes Moura, Serpa, Aljustrel, Mértola, Tavira, Cacela, Elvas.

O rei, apesar de valente, era um coração doce, defensor do povo e, se não perdoava aos mouros porque ocupavam terras que lhe faziam falta, perdoava aos que lhe eram familiares, aos representantes da igreja e aos fidalgos, embora não lhes dando o que eles pretendiam.

Os Bispos do Porto, Braga, Coimbra e Lisboa queixam-se e vão à Santa Sé, acompanhados de nobres, dizer que o rei lhes retirara benefícios anteriormente concedidos, que a situação no país era caótica e o rei não tinha capacidade para governar. Para o substituir indicam o irmão Afonso, que promete satisfazer as suas ambições.

Desde o início da nacionalidade, os reis tinham compreendido que o espaço português se situava entre o Minho e o Algarve, porque era uma área natural e impeditiva de sobressaltos. D. Sancho II entendeu que tinha chegado o momento, mas a cegueira e a sórdida avidez dos familiares, dos nobres e do clero, impediu que terminasse os seus intentos. Foi deposto e morreu em Toledo.

Os castelos de Faria, Coimbra, Guimarães e Celorico continuaram-lhe fiéis e D. Afonso III só foi reconhecido por estes alcaides depois da morte de D. Sancho. O caso do alcaide de Coimbra, Martim de Freitas, é sintomático. Só entregou as chaves de Coimbra depois de ter ido a Toledo certificar-se que D. Sancho tinha falecido.

O amor à Pátria crescia com muito sacrifício e sempre com risco da própria vida.

Na poesia salienta-se Aires Peres Vuitron, cujas cantigas de escárnio e maldizer ridicularizaram os nobres e o clero por terem atraiçoado o rei.

AFONSO III - O BOLONHÊS

(reinou de 1248 a 1279)

Conhecidas as prioridades, pede auxílio às Ordens Militares, lança-se na conquista da parte do território ainda ocupado pelos árabes. Sem a sua posse a insegurança das populações era constante. O Algarve era a parte do corpo que faltava a Portugal. O Minho e Trás-os-Montes são a cabeça, o Douro, as Beiras e a Estremadura o tronco, o Alentejo e Algarve os membros inferiores.

D. Afonso III conquista Faro, Albufeira, Loulé, Aljezur, Porches e Silves. Faz ainda outras conquistas para além do Guadiana. O rei de Castela reclama-as lembrando-lhe um acordo que o rei de Leão, Fernando II, fizera com o sogro D. Afonso Henriques, segundo o qual, este, não poderia ultrapassar a linha do Guadiana nas suas investidas e conquistas aos mouros.

Em 1250 convoca Cortes em Guimarães.

Desenvolve o comércio interno criando feiras e isentando-as de impostos.

D. Afonso III casa com a filha de Afonso X de Castela, D. Beatriz, apesar de já ter casado, em Bolonha, com a condessa Matilde que, entretanto morre.

D. Afonso III, mal conseguiu o país idealizado por D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II, volta-se para as tarefas administrativas.

Fixa o preço dos produtos e proíbe a exportação de cereais e metais preciosos pela Lei de Almotaçaria (fixação de preços).

Convoca cortes em Leiria, onde não só compareceram os nobres, os prelados, os abades de alguns mosteiros, os príncipes, as Ordens Religiosas, mas também o povo através dos seus representantes concelhios (é a primeira vez que os concelhos se fazem ouvir em Cortes) Isso, vai valer-lhe represálias: o clero e os nobres queixam-se a Roma que ele voltou a fazer inquirições e a tirar-lhes direitos adquiridos.

D. Afonso III passa a residir em Lisboa.
A partir de 1255 Lisboa ganha importância
. Tornando-se capital do reino. Os serviços públicos começam a ser aí concentrados.

Em 1261 é nomeado o primeiro Meirinho-Mor (oficial de Diligências).

Em 1262 promulga Leis para limitar as taxas de juro.

D. Afonso III fixa com o rei de Castela, os contornos de Portugal pelo Tratado de Badajoz em 1267. O rei de Castela desistia das suas pretensões sobre o Algarve. O rei Português desistia de quaisquer direitos sobre a região entre o Guadiana e o Guadalquivir.

Em 1269, o mosteiro Cisterciense de Alcobaça abre a primeira escola pública.

O Papa excomunga D. Afonso III e ordena ao povo que não lhe obedeça. Nem o rei, nem o povo lhe conferem qualquer importância. A transferência de poderes para o filho, logo após a sua morte, não causou quaisquer problemas.

Foi durante este reinado que Pedro Hispano, nasceu em Lisboa, também conhecido por Pedro Julião, foi eleito papa com o nome de João XXI (1276-1277).

D. DINIS - O LAVRADOR

(reinou de 1279 a 1325)

D. Dinis foi educado por homens cultíssimos como Domingos Jardo, bispo de Évora e de Lisboa, (mais tarde foi chanceler do próprio monarca) e Aymeric d'Ebrard, que fizeram dele um intelectual, um poeta e um diplomata.

Logo no inicio do reinado teve que lutar com o irmão Afonso para conservar o trono; no final da vida, foi o próprio filho, o futuro rei Afonso IV, a pretender apossar-se do lugar. Quando se ia travar o Encontro de Alvalade, que desencadearia a guerra civil, surge a rainha, mais tarde Santa Isabel, a impedir o confronto. A rainha funda os Hospitais de Leiria, santarém, Coimbra e o mosteiro de Santa Clara a Velha.

Em 1285 começam a ser registadas as genealogias das famílias nobres no Livro Velho de Linhagens. É o primeiro passo para fixar a história.

A pedido da Igreja, a quem estava confiado o ensino, funda o Estudo Geral em 1288, no bairro de Alfama, embrião da universidade de Lisboa.

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