JORGE

Envergonhas-te da mãe?

CAMILO

Sabes que não é assim.

ANA

Eu e o teu pai sabemos o que é melhor para nós.

NUNO

E para nós?

JORGE

E para nós?

NUNO

Não compreendo como admites esta situação.

ANA

O teu pai ama-te muito, tem-te dado sobejas provas disso. Não é justo que fales assim!.

NUNO

Ama, mas não nos legitima casando contigo, porquê?

JORGE

Porquê?

CAMILO

Porque o casamento é um acto sem significado, sabes bem o que tenho feito por ti e pelo teu irmão.

NUNO

Nada mais do que outros fizeram aos filhos das suas amantes.

CAMILO (exaltado)

A tua mãe não é minha amante! É minha mulher!

NUNO

Prova-o, casando.

ANA

Vai-te embora, Nuno. Nós sabemos o que queremos.

NUNO

Tu sabes. Ele não! Ele envergonha-se de ti, mãe! Ele quer continuar a saga dos Brocas. Quer que eu e o Jorge sejamos filhos bastardos!

ANA

Cala-te, por favor!

NUNO

Esse homem é mais louco do que o Jorge e mais perverso do que eu porque mais inteligente! Será que alguma vez sentiu o amor de pai?

ANA

És injusto. O teu pai tem-se esforçado para te dar tudo, para te fazer feliz!

NUNO

E amor? O amor de um pai legitimo, alguma vez foi capaz de o dar?

JORGE

O sr. Visconde fez-te Barão, o sr. Visconde fez-te Barão.

NUNO

Cala-te Jorge! Eu não quero ser Barão de coisa nenhuma!

JORGE

Eu não quero ser Barão, não tenho brasão, sou cabeça dura...

NUNO - (irritado)

Cala-te, Jorge, não digas disparates!

JORGE (magoado)

Eu gosto de ti, Nuno.

NUNO

Eu sei. Tu estás a brincar, mas eu estou a falar a sério. O sr. Visconde tem de ouvir.

JORGE

Tem de ouvir!

NUNO

Casa, ou não casa?

JORGE

Casa, ou não casa?

ANA

Vão para a sala. Isto não é nada que te diga respeito. O teu pai está doente.

NUNO - (exaltado)

Não me diz respeito? Está doente? Eu sempre o conheci doente e teimoso!

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