Colombo chega à América em 1492 pensando ter atingido a parte ocidental da Índia.
D. João II, diz tratar-se de terras que nos estariam afectas e manda uma esquadra
ocupá-las. Os reis de Espanha reclamam-nas para eles e o Papa Alexandre VI, que era Aragonês,
publica a Bula (Decreto pontifício) "Inter Coetera", na qual era traçada uma linha imaginária de
pólo a pólo em que reconhecia que todo o território a ocidente dessa linha pertenceria a
Castela segundo o Tratado de Alcáçovas de que já falámos. D. João II não concorda. Sabe que não tem razão, mas exige a correcção dos limites porque já conhece a existência do Brasil.
Perante a intransigência do rei Português são alteradas as 100 léguas
anteriormente determinadas a favor do rei de Castela, em 370 léguas impostas pelo rei português e
sustentadas pela Junta dos Astrónomos da qual fazia parte o sábio judeu, Abraão Zacuto.
Abraão Zacuto é um dos vultos mais notáveis do século XV. Era matemático, astrónomo
e historiador. Em 1495 foi impresso em Leiria o "Almanaque Perpétuo" de sua autoria.
Livro essencial sobre astrologia e navegação.
Façamos aqui, um pequeno comentário.
A força dos Judeus, tal como a da Igreja, está em terem sabido, depois das
provações por que passaram, descobrir que o segredo do mundo está no saber, e que esse,
se aprende nas escolas.
O mistério do seu sucesso está aqui: estudo.
Tanto a Igreja como os Judeus, impuseram aos seus membros a aprendizagem da
leitura, da escrita, da interpretação dos textos e a interpretação dos números. Com estes,
simples, instrumentos de trabalho, eles ganharam o mundo. A Igreja no campo espiritual e material,
os Judeus no campo material.
Voltemos ao Tratado. Para o justificar e defender foi enviada uma missão de especialistas
na arte de navegar, dirigidos pelo navegador e fabuloso cosmógrafo, Duarte Pacheco
Pereira. Morreu na miséria.
Em 7 de Junho de 1494 é assinado o
Tratado de Tordesilhas pelo qual o mundo era
dividido em dois hemisférios. Todas as terras que os portugueses tivessem descoberto a oriente
ou viessem a descobrir numa linha recta de pólo a pólo, que passasse a 370 léguas das Ilhas
de Cabo Verde eram portuguesas, as do ocidente pertenceriam a Castela. Era o Mare Clausum, que establecia que o domínio de mar e Terras era de quem as descobria.
Depois deste Tratado fica salvaguardado o direito de os Portugueses navegarem,
sem problemas, no mar para oriente.
Seguro dos seus direitos, D. João II prepara a expedição à Índia. Manda substituir as
Caravelas por Naus.
O Príncipe Perfeito não chega a assistir à partida das Naus. Consta que foi envenenado
em Alvor. Tinha quarenta anos. O seu governo ficou como um exemplo de
inteligência, determinação, honestidade e amor ao povo.
Sucedeu-lhe o cunhado D. Manuel, irmão do Duque de Viseu, que D. João II tinha
morto, por lhe querer usurpar o trono.
D. João II era casado com D. Leonor, que mandou construir o Hospital termal das Caldas da Rainha, fundou as Misericórdias em Portugal e
mandou construir o primeiro Convento da Anunciada e o da Madre de Deus. Foi protectora de
muitos artistas. Gil Vicente, fundador do teatro português, foi um deles.
D. MANUEL I - O VENTUROSO
(reinou de 1495 a 1521)
D. Manuel pensa no mar, mas não descura os problemas em terra. Vê-se a braços com
o problema dos judeus que, expulsos de Espanha, se tinham refugiado em Portugal.
Pressionado pela mulher, que era filha dos reis Católicos, impõe aos judeus ou a conversão ao
catolicismo ou a expulsão do país. Em 1497 Fingem aceitar a conversão, são os
cristãos-novos.
A armada para a
Índia está apetrechada. O Conselho do Reino é contrário à aventura.
D. Manuel não pensa assim. Chama Vasco da Gama, nasceu em Sines, confia-lhe cento e
cinquenta homens e três naus; São Rafael, comandada por Paulo da Gama, São Gabriel e
Bérrio comandada por Nicolau Coelho, e uma nau com fazenda e mantimentos. Envia-o,
qual embaixador, a entregar credenciais ao Prestes João e ao rei de Calecut.
Sai a armada da praia do Restelo a 8 de Julho de 1497, chega a
Calecut a 20 de Maio de 1498. Vasco da Gama tenta estabelecer relações cordiais com o Samorim (título do rei
de Calecut), mas este mostra-se desconfiado. Aos Árabes, que dominavam o comércio
naquelas paragens, não lhes interessava mais um concorrente e tentaram tudo para lhe dificultar
o entendimento, inventando intrigas. Vasco da Gama regressou a 29 de Agosto de 1498 e
chega em meados de 1499 depois de ter perdido uma embarcação e metade de toda a tripulação.
O impossível tinha sido realizado. Era a primeira vez que se efectuava uma viagem por
mar da Europa à Ásia.
Aberta a primeira rota, D. Manuel envia uma armada, comandada por Pedro Álvares
Cabral, nasceu em Belmonte, que aporta, antes de chegar à Índia, a terras de Santa Cruz a 22 de
Abril de 1500. Estava descoberto o Brasil.
Sobre o achamento do Brasil há uma carta de Pêro Vaz de Caminha (natural do Porto), que faz uma descrição minuciosa da fauna, flora, aspecto geográfico da terra e a aparência e costumes dos seus habitantes.
Era a confirmação do carácter cientifico dos descobrimentos. Os reis sabiam o
que havia para descobrir e quais a prioridades a seguir segundo os Tratados firmados com Castela. Por isso D. João II tinha
recusado o pedido de Cristóvão Colombo. Aquele caminho não era prioritário. Sabia que
existiam essas terras, faltava-lhe pormenores, sobre as gentes que as habitavam, para enviar
o tipo de armada que mais se coadunasse com aqueles
lugares.
A partir destas viagens, todos os anos, os barcos iam e vinham fazendo comércio com
os povos orientais.
No mesmo ano de 1500, Gaspar Corte Real descobre a Terra Nova.
Em 1502 é fundada Mazagão (hoje, El-Jadida), no Norte de África. O arquitecto João
de Castilho é um dos obreiros da bela cidade.
Em 1503, Fernando Noronha descobre as ilhas que têm o seu nome.
D. Manuel I viu na Índia uma fonte de riquezas. Não hesitou em enviar mandatários com
o título de vice-reis para garantir o comércio e proteger os mercadores portugueses. Envia
em 1505 D. Francisco de Almeida, 1º vice-rei, que ordena a construção de uma fortaleza
em Quiloa, ataca Diu, estabelece feitorias em Cananor, Cochim, Coulão e Mauricio. Faz
um tratado com o senhor de Malaca, descobre as ilhas Maldiva e fortalece o domínio de
Portugal naquela região.
Em 1505 é construída uma feitoria fortificada em Sofala. Dois anos mais tarde os
portugueses fixam-se na ilha de Moçambique, que fortificam. São postos de comércio mas,
principalmente, de apoio às naus que deviam demandar a Índia e todo o Oriente. É criada a "Carreira
da Índia" ou "Rota do Cabo".
Em 1506 Tristão da Cunha e Afonso de Albuquerque chegam à Índia com a indicação que
D. Francisco de Almeida devia tomar conta do governo da Índia.
Afonso de Albuquerque é o primeiro comandante europeu a navegar no Mar Vermelho;
fica com seis navios e a incumbência de comandar a fortaleza de Socotorá. O genial
navegador não se contentou com tão diminutas atribuições. Do nada, edifica um
Império. Primeiro, tenta negociar. Quando não o consegue, ataca e vence até chegar a Ormuz, que
conquista, assim como Goa em 1510, Malaca em 1511, onde constrói uma fortaleza e de onde
se desenvolve a actividade económica e religiosa dos portugueses.
Deve-se a Afonso de Albuquerque a
fundação do Império Português do
Oriente. Faz de Goa a capital da Índia. Consolida as boas relações fomentando o casamento entre
portugueses e indianas, sem qualquer distinção entre as castas o que provocou uma verdadeira
revolução no campo social. Conferiu aos homens e mulheres Indianas os mesmos direitos e
respeito devidos ao seu valor, e nunca os marginalizando pelo nascimento.
Todo o comércio das especiarias (pimenta, canela, cravo), sedas, tapetes, cavalos,
porcelanas, pedras preciosas, passa a ser realizado sob a supervisão do rei de Portugal.
As cidades de Goa, Damão, Diu, Baçaim, Chaul e Bombaim prosperaram com a chegada
dos portugueses.
Em 1508, Safim, no Norte de África, é conquistada.
Em 1511 Francisco António Taveira descobre Timor.
Em 1513, Jorge Álvares chega à China.
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