P O R T U G A L
Um País Ingovernável?

SEGREDOS DE BASTIDORES

A todos os portugueses que dizem não à mediocridade, à pobreza e à indiferença.

ANGÚSTIA

Desesperado pelo que está a acontecer a Portugal, que eu amo mais do que a mim próprio, tenho de gritar a minha dor e a minha revolta. Custe-me ela o que custar.

Nunca troquei este País por outro apesar de me ter sido oferecida uma fortuna incalculável pelo banqueiro e capitalista americano, Edwin Budge Mead, padrinho de meus filhos. Edwin propunha-se deixar-me toda a sua fortuna, mas com a condição de viver nos Estados Unidos e naturalizar-me americano.

E tudo isto porquê? Porque eu tinha ajudado a sua mãe em Santiago do Cacém. Ela queria que eu fosse para os Estados Unidos. Enfim, atitudes americanas que ainda hoje custam perceber. Gestos de grande generosidade por uma pequena felicidade que receberam.

Apesar da tentadora oferta, e ele aqui ter vindo expressamente três anos seguidos para me persuadir a mudar de opinião, nunca o fiz porque o amor a Portugal, 1965,66,67, e dizem que estava em ditadura, foi mais forte que toda a riqueza a que facilmente teria acesso.

Por isso, e porque os anos correm mais do que a vontade de os fazer, tenho de mostrar a minha indignação pelo que se está a passar em Portugal. É só por essa causa que desvendo pequenos segredos, desta mesquinhez política a que chegámos, depois de um pronunciamento militar que todos recebemos de braços abertos.

As revelações que aqui deixo não estavam programadas para este momento, até talvez nunca viessem a lume, tal como outras que ficarão esquecidas ou reservadas para as calendas gregas.

A situação de Portugal, neste momento, não permite que guardemos segredos. É como se estivéssemos no Juízo Final, onde cada um grita os seus pecados, mas também os seus maiores sofrimentos para que o País se salve depois de ter feito a sua catarse.

Perdi o respeito aos homens.

Não perdi o amor a Portugal.

 

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