A Igreja é um espanto, não só devido ao conjunto de capelas que a integram mas principalmente pela capela de S. João Baptista. Tirso de Molina (1571- 1648), um dos maiores poetas e dramaturgos espanhóis, considerou Lisboa a oitava Maravilha do Mundo e ainda não existia esta capela... Oiça-se: "El Burlador de Sevilha", XI cena, 1º acto. Só os demoro 10 segundos para confirmarem o que digo. Rey - Es buena tierra, Lisboa? D.Gonz - La mayor ciudade de España: Y si mandas que diga lo que he visto, De lo esterior y célebre, en un punto En tu presencia te pondré un retrato. Rey - Yo gustaré de oillo, dadme silla. D. Gonz - Es Lisboa una octava maravilla. |
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A cena continua e Tirso de Molina faz uma interessantíssima descrição de Lisboa ao rei Filipe. Portugal estava ocupado, por direito, pelos familiares espanhóis do rei português que desapareceu em Álcacer Quibir. A Igreja de S. Roque tem uma só nave com galerias sobre as oito capelas laterais, agrupadas de quatro a quatro, além da capela mor, de estrutura clássica, e pequenos altares que dão para a nave transversal assim como a capela mor, de estrutura clássica, construída em 1628 segundo o modelo jesuíta de retábulo formado por grupos emparelhados de colunas coríntias em sobreposição arquitectónica de dois andares. Na parte superior tem um camarim para exposição do Santíssimo, normalmente oculto por um quadro que muda consoante as sete épocas litúrgicas. A luz incidindo sobre a grande profusão de talha dourada, de azulejos e mármores cria um sistema volumétrico artificial e dá a este espaço uma perspectiva invulgar. Observemos as Capelas: A Capela de S. Francisco Xavier foi construída em 1623. Tem, ao centro, uma imagem seiscentista do santo padroeiro. As pinturas laterais representam o Papa Paulo III que envia para Portugal os primeiros missionários da Companhia de Jesus e o rei D. João III a despedir-se de S. Francisco Xavier quando ele partiu para a Índia em 1541. A Capela da Sagrada Família é da primeira metade do século XVII. A decoração é clássica e segue o modelo da Capela mor. No retábulo, a pintura central mostra Jesus entre os Doutores. Nas zonas laterais representam a Adoração dos Reis e a Adoração dos Pastores. A Capela da Senhora da Doutrina, do mesmo século das anteriores, é revestida a talha dourada "estilo joanino", sendo os lambris e o altar decorados com incrustações de mármore. A Capela de S. Roque, decorada a talha dourada de características populares sobre fundo branco, é dedicada ao orago da Igreja que é ladeado por S. Sebastião e S. Tiago. O quadro lateral representa a Aparição do Anjo a S. Roque. Os azulejos são de 1584 e conciliam elementos naturalistas e iconográficos, relativos a S. Roque. A Capela do Santíssimo é vedada por uma grade em ferro forjado. Esta grade é quinhentista e pertenceu à Capela de S. Roque. A Capela do Santíssimo, foi construída em 1636, embora a sua decoração vá até princípios do século XVIII. Esta Capela acolhe o Santíssimo Sacramento, mas o painel central exalta Nossa Senhora da Assunção. A Capela de S. João Baptista é uma verdadeira obra prima. O rei D. João V, 1706-1750, encomendou-a em Roma e é construída entre 1743 e 1750. Caracteriza-se por um neo-classicismo rocaille. Na sua composição entram materiais preciosos como os bronzes dourados e variadas espécies de mármores. Os anjos e os medalhões que embelezam o tecto são em mármore de Carrara.Os quadros laterais e o piso da capela são em mosaico. A Capela veio enriquecida por belíssimas peças de culto; paramentos, alfaias litúrgicas, pinturas, peças de ourivesaria, rendas e livros, que compõem o núcleo museológico agregado à própria Igreja, e que são um valiosíssimo repositório de arte e sonho. A Capela de Nossa Senhora da Piedade privilegia o Calvário como tema, tendo por base anjos pintados sobre estuque. A Capela de S. António foi restaurada no século XIX e é de concepção clássica semelhante à da Capela mor. A Sacristia possui preciosos arcazes em Jacarandá com filetes em marfim. São do século XIX. As paredes são forradas por séries de pintura da escola portuguesa, com frisos sobrepostos. O tecto é composto por uma abóbada de berço dividida em caixotões e decorada a fresco. É do século XVII e tem como tema central a Ladainha da Virgem. A Igreja de S. Roque salienta-se ainda pelo conjunto labiríntico dos seus anexos: a beleza e racionalidade do imprevisto é criado pelas estruturas arquitectónicas que nos deslumbram pela funcionalidade do edifício. O Museu de S. Roque está Instalado nesta Igreja. Além das artes plásticas, com realce para a pintura dos séculos XVI, XVII e XVIII, inclui peças de ourivesaria barroca e paramentos religiosos de grande riqueza e beleza. Lg. Trindade Coelho _ Tels. 213235380 / 213235000 A poucos metros, a ocidente, fica o Museu Maçónico. Trajos, objectos e escritos relacionados com a Maçonaria em Portugal. R. do Grémio Lusitano, 25 Tel. 213424506 Ao lado da Igreja fica a Santa Casa da Misericórdia. Depois de sair da igreja tem três opções; ou segue pela esquerda, pela rua da Trindade até às Ruínas do Carmo e elevador de Santa Justa, ou segue pela rua da Misericórdia desce até ao Largo Camões com a estátua do épico do lado direito, e a estátua do poeta Chiado no esquerdo. Nesses 300 metros encontra vários alfarrabistas, ou embrenha-se no Bairro Alto, olha as casas, as ruas, ouve o povo e identifica as casas de fado. |
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Pode dar uma saltada ao Museu Arqueológico do Carmo, que além da igreja gótica e de significativo espólio arqueológico é ainda sede da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Lg. do Carmo Tel. 213460473. Desça por uma das ruas estreitas, não tão estreitas como em Alfama ou Mouraria, vai ter ao inicio da calçada do Combro. Aí encontra mais um ascensor; o da Bica que o poderia levar até à Rua de S. Paulo, mesmo em frente da farmácia mais famosa de Lisboa, a Farmácia Ultramarina, por ali ter trabalhado, como praticante, um dos médicos mais conhecidos do século passado e venerado, por milhares de portugueses, devido à sua bondade e ao seu saber: Dr. Sousa Martins. Se descer de elevador, até aquela rua que fica a pouco mais de 400 metros da estação do Cais de Sodré, e mesmo que passe pela farmácia só para sentir o ambiente, a dona é muito simpática e nunca se aborrece com o corrupio de visitantes, depois dessa visita ou visitas nos arredores, regresse pelo mesmo caminho. De novo na Calçada do Combro, tem a bela igreja dos Paulistas e pode ver ainda, quase em frente, seguindo a rua Marechal Saldanha, o Miradouro de Santa Catarina, de onde desfruta uma relaxante vista sobre o Tejo e pode beber um cafézinho no bar que aí se encontra. Tem ainda, neste local o Museu da Farmácia. A farmácia ao longo da história. As farmácias de outros tempos. Marechal Saldanha, 1 Tel. 21 340 39 15 |
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