O AVISO DOS DEUSES

Diana, apesar da sua juventude e da maneira alegre como encarava a vida, tinha consciência da tragédia de muitas famílias e da infelicidade que as tocava. As suas atenções para com os necessitados eram constantes e os governantes e os dirigentes de muitos países tentam hoje agradecer-lhe ou com placas alusivas ao seu nome ou colocando na toponímia das ruas: Diana, Princesa de Gales.
É justo lembrar uma mulher com qualidades e defeitos.
Não é amorfa. É exemplo que a vida pode ser vivida com prazer e ao mesmo tempo compartilhada com os menos afortunados.
Foi necessária a morte da ex-mulher para o príncipe Carlos perceber que o mundo tinha os olhos postos nele e no futuro da Grã-Bretanha.
E ele desabafa: “Muitos conheceram a experiência da perda de um familiar. É muito difícil enfrentá-la em qualquer momento, mas talvez seja ainda mais duro quando todo o mundo observa.”
O maior acontecimento mediático desde que o mundo é mundo foi o funeral de Diana.


A morte de Diana foi pensada ao pormenor e, quando aconteceu, à sensação de alivio dos interessados seguiu-se o espanto perante a reacção do mundo. Nunca lhes passou pela cabeça que a força de Diana conseguisse juntar à sua volta, no mínimo, dois biliões e meio de pessoas, quase metade da população do mundo.
Os assassinos exageraram. A salvação de um reino ou o fim dos exércitos não está em matar, está em compreender e acabar com a inutilidade armada. Hoje o combate faz-se através do diálogo. As televisões são campos de combate onde os guerrilheiros da morte têm de se enfrentar. Só morre aquele que for vencido pela palavra do adversário.


O Presidente da Assembleia da República Portuguesa, o Dr. Almeida Santos, um dos homens mais lúcidos e mais inteligentes do nosso século, dizia em entrevista ao Dr. José Magalhães na revista “Notícias Magazine”, Nº. 284, suplemento do Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Diário de Notícias da Madeira, que “as novas tecnologias horizontalizaram os conhecimentos”...e mais adiante ...”hoje não se reflecte sobre problemas cruciais. Muitas vezes, foge-se às realidades mais importantes”. O verdadeiro escândalo da humanidade é precisamente este, não aproveitar os meios de comunicação que já tem à sua disposição, não reflectir sobre os problemas cruciais que afligem a humanidade e matarem-se estupidamente com armas sofisticadíssimas em vez de esgrimirem, de um lado ao outro do mundo, através da televisão ou da Internet de modo a clarificar divergências e a não sacrificar os povos à guerra, à destruição e à miséria mais execrável.
Através da Internet, da televisão e dos outros meios audio-visuais, o ensino e alfabetização do mundo pode ser feita em cinco anos; basta as oito maiores potencias mundiais assim o determinar. Se não o fizerem, às catástrofes naturais que irão aumentar de intensidade nos próximos anos, a ignorância e a guerra transformarão o mundo numa incomensurável nuvem de fumo e fogo e mesmo os povos mais poderosos e mais prósperos desaparecerão com sofrimentos inimagináveis.
As batalhas dos nossos dias têm de ser saudáveis tiros de inteligência, para que saudavelmente e fraternalmente nos saibamos proteger, independentemente da cor da pele, da língua ou da ideologia.


Diana disse em Angola que iria fazer tudo para impedir que os assassinos da humanidade continuassem a sua sistemática e cega campanha de destruição e mutilação de todo o planeta.
Diana propôs-se levar até às últimas consequências a campanha anti-minas.
“São 120 milhões espalhadas por 64 ou 65 países. Iremos a todos eles.” “Os armazéns estão cheios de outras tantas. Eu sei como destrui-las.”
Esta determinação preocupou todos os “príncipes” que governam o mundo e se julgam invulneráveis, infalíveis a todas as ilusões que oferecem estes lugares e criam os Bokassas e os Idi Amin.


Segundo o cientista russo Alexis Yablokov ou o ex-secretário do conselho de segurança do Kremlim, Alexander Lebed, o terrorismo internacional leva em malinhas de mão a morte nuclear. Os governantes são os alvos preferenciais.
Os “príncipes” têm de ser justos, simpáticos, correctos e honestos, mesmo que não sejam tão inteligentes, como seria de esperar de quem tem a responsabilidade de governar.
Pense-se nos homens mais protegidos do mundo que foram assassinados ou vítimas de atentados; veja-se quantos presidentes dos Estados Unidos pagaram o tributo à glória.
A invulnerabilidade do ser humano não existe por causa da ignorância de uns e do egoísmo de outros. Acabem com isso. Insisto: utilizem as fabulosas capacidades dos meios audio-visuais para resolver 80 % dos problemas mundiais.
Diana deu o exemplo. Pagou com a vida, é certo, mas ficou como o último ponto de referência antes da destruição do mundo se os homens não repensarem a organização mundial dos povos.
Só os inconscientes continuarão a olhar para eles como se só eles existissem. Não suportam que ninguém lhes faça sombra.
A sua passagem pelo terra não fica assinalada. Só se ouviram a eles próprios enquanto vegetaram neste mundo. O seu eco morreu com eles.


Diana, antes de morrer, abraçou as chagas do mundo sem se importar com o contágio.
Diana era a súmula da generosidade e do muito amor. Soube transmitir e difundir essas qualidades como ninguém.
Os artistas, os peritos da moda, os jornalistas, o mundo dos negócios e os governantes nunca mais devem parar esta campanha até que o mundo seja aquilo que Diana pensou: amor, liberdade, solidariedade, prazer, trabalho e prosperidade.
Elton John, Michael Jackson, Claudia Schiffer, Timothy Dalton, Kathleen, Cher, Rund Gullit, Boris Becker, David Finola, Sting, David Copperfield, Cindy Crawford, Luciano Pavarotti e muitos outros, ficaram motivados para esta ideia.
Por todo o mundo, as realizações de acontecimentos a favor das obras de caridade apoiadas por Diana continuam. Os MTV Music Awards contribuíram com alguns milhões de dólares e lá estavam as Spice Girls, Naomi Campbell, Janet Jackson, Mariah Carey, Puffy Combs, Madonna e outros já antes citados.
A morte da juventude e da beleza, representadas por Diana, está a despertar em todo o mundo acções de solidariedade antes que ele desapareça por egoísmo e infâmia.
Todo o Reino Unido chorou a princesa e deu uma lição de civismo ímpar ao contrário dos Serviços Secretos que não tugem nem mugem.
Dor sofrida sem histeria, organização impecável, ordem, e tudo feito com naturalidade.
Perdidos na tristeza, os corações de quase três biliões de pessoas encontraram-se congregados no esquife da princesa.
Quase três biliões de advogados de defesa de uma mulher frágil que viajou para além das estrelas. Tudo parou para prestar homenagem à mulher dos próximos séculos. A mulher que veio ao mundo para dar coragem a todas as mulheres e a todos os infelizes que sofrem as consequências da guerra, da miséria, da doença, da falta de afecto.
Diana teve a força suficiente para ligar e nivelar todos os corações em algumas horas de angústia e de consternação.


A MORTE DA PRINCESA

Quem seria capaz de pensar na morte da princesa? Três biliões de pessoas responderam: ninguém.
A princesa era demasiado jovem, saudável, bonita, simpática, elegante, caridosa, generosa para que alguém pensasse que ela poderia morrer ou lhe desejasse a morte. Mas havia alguém que a tinha condenado à morte e conseguiu o desiderato sem quase deixar vestígios. Diana foi assassinada.
Continuemos o seu percurso até ao dia em que a morte chorou a sua própria vítima.
A morte de Diana provocou em todo o mundo movimentos de solidariedade.
Foi criada a fundação Diana, Princesa de Gales que atingiu rapidamente os 80 milhões de contos.
O disco em sua honra, “Candle in the Wind”, cantado por Elton John, vendido para financiar as obras que protegia ou outras similares ultrapassou os trinta e dois milhões de cópias em 37 dias, fez dele o disco mais vendido do mundo, ultrapassando “White Christmas” de Bing Crosby que vendeu 30 milhões de cópias em 55 anos.
O milionário Ted Turner, fundador da CNN, anunciou que vai doar um bilião de dólares a uma fundação para apoiar as causas da ONU, especialmente ajuda a refugiados, combate a doenças e desminagem.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o embaixador norte-americano nas Nações Unidas, Bill Richardson, felicitaram-no. Foi-lhe concedido o Prémio de Liderança Global.
São homens e mulheres como Ted Turner, Bill e Melinda Gates, Roberto Goizueta, Raymond Nasher, Robert H e Nancy Dedman, Eugene M Lang, Paul G Allen, Dean e Rosemarie Buntrock e familia, H.R.(Bum) Bright, Carl W. Smith, Michael e Judy Ovitz, Gerald J. Ford, David A. Duffield, John e Ann Kauffman, Michael F. Price, Allen e Isabelle Leepa, Alfred e Norma Lerner, Jon M. Huntsman e familia, Joan Kroc, Bernard Marcus e Bernard e Audre Repoport que podem ajudar rapidamente o mundo.
Eu cito-os para dizer que os Estados Unidos são uma nação forte, poderosa e próspera porque têm gente que sabe compartilhar a sua riqueza. Não tem gente mesquinha na sua população normal.
Ninguém leva nada para o outro mundo e fica a gratidão dos que não sabem fazer render a vida. Ted Turner é o próprio a confirmar: 1 bilião de dólares só representa nove meses de lucro do seu império de empresas. Poderíamos acrescentar que um milhão de pessoas, das mais desfavorecidas, não ganha esse dinheiro durante toda a vida.
Foi este mundo, em desequilíbrio, perigoso e desigual, que Diana compreendeu e viu que tinha de mudar. Infelizmente, não teve oportunidade de pôr em prática todo o seu empenho.


SE A MORTE SE PUDESSE COMPRAR

Muitos dos multimilionários que vêem morrer familiares e eles próprios sabem que não escapam à lei da morte; dariam tudo ou quase tudo, o que amealharam inutilmente, para comprar a morte.
Há alguns que compram aviões e barcos como quem compra um carro de linhas mas a grande maioria não é feliz. Preocupados em não perderem o muito que têm e em aumentar todos os dias os seus rendimentos, estes sugadores de riquezas sacrificam a família ao brilho do ouro, morrem ignorados e aumentam o número de ricos e de vermes nos cemitérios. Ninguém os recordará.
Muitos ricos não têm emoções, têm pulsões, são argentários compulsivos.
Os multimilionários ou os milionários obcecados por dinheiro são os escorpiões da humanidade. Eles exploram os escravos da pouca sorte e da ignorância.
Os milionários, os presidentes ou os reis só se apercebem que os outros existem quando os sequestram, os encarceram como ao Hailé Selassié, ou ao Bokassa ou lhes dão um tiro na nuca como ao Ceusescu e aí, os outros, ficam muito admirados porque isto aconteça. Eles estavam tão próximo dos deuses! Sentiam-se tão intocáveis e tão invulneráveis!


Pelo contrário, a gratidão colectiva triunfou com Diana. Ela ficará na memória do mundo como paladina na luta contra as causas humilhantes para o ser humano.
Diana sempre se identificou com pessoas de todas as raças, de todos os credos e de todas os extractos sociais. Ela não usou o poder e o dinheiro para o utilizar em seu proveito; dividiu o que possuía com os infelizes, com os desprotegidos, com aqueles que não têm voz. Deu-lhes amor e proporcionou conforto e apoio.
Se fosse possível comprar a morte de Diana, o preço seria pago. Os quase três biliões de pessoas que seguiram o funeral pela televisão, teriam enviado muitos biliões de dólares para Diana continuar viva. Mesmo que o preço para Diana regressar à vida fosse o desconto de um ano a cada um que a admirava, amava ou respeitava, teria pelo menos dois biliões de anos para comprar o regresso à terra sem ter de esperar por nova reencarnação.
Diana fez mais pelo mundo, nestes três ou quatro últimos anos, que todos aqueles que governaram o mundo neste século. Eles deram com uma mão e tiraram com a outra. Veja-se o que se passa em África ou, no Afeganistão, um país de fantasmas, onde o vexame às mulheres atinge o paroxismo. Aí as armas hão-de destrui-los completamente.
Por que não movimentar fundos em todos os países para os arrancar da miséria e da morte? Os países mais avançados não querem e esquecem ostensivamente os avisos de Lebed.


Vamos insistir para que ninguém chore sobre o leite derramado e diga que não teve culpas por não saber.
Lyndon Johnson, que sucedeu a J.F.Kennedy, lembrou que numa hora podiam ser mortos 40 milhões de americanos. A miséria pode enlouquecer os países pobres ou os países a quem é travado o desenvolvimento. Se o mundo continuar na senda da ganância, ninguém ficará para contar a história. O planeta vai explodir. As convulsões estão aí. É a própria natureza a amassar o homem nas suas entranhas, engolindo-o com voracidade nos mares, fustigando-o com chuvadas imparáveis, arrastando-o juntamente com a lama dos montes, sugados por tremores de terra, desfeitos por furacões enlouquecidos. E tudo se passa porque o tempo perdeu a cabeça e, farto de tanta ignorância, tanta infantilidade e tanta malévola imbecilidade, está a lançar o último aviso antes da memória do tempo ter esgotado a sua paciência.
Quisessem os seres humanos e em cinco anos a miséria do mundo seria erradicada. Os deuses dos ventos, das tempestades e dos terramotos, a inacção e a lufa-lufa, o stress, a inveja e o ódio desapareceriam como por encanto.
A vida e a morte seriam naturais e as pessoas viveriam felizes porque a sua consciência se tornaria semelhante à consciência de Deus.
Cinco anos. Os capitalistas que pensem no assunto. E os governantes que não se governem mas que governem. Ninguém veste mais que um fato, nem come mais do que pode. A posse do improdutivo e do supérfluo será a maldição daqueles que teimam em caminhar para a eternidade do esquecimento e desaparecimento totais. Esses são o refugo.
O homem ainda acaba por passar pela vergonha de desaparecer deste mundo sem ter aprendido a viver nele.

PRINCESA EM CAMPOS MINADOS

Diana afirmou ao “Le Monde”: “Nada me faz mais feliz do que ajudar os mais fracos. É o meu objectivo, uma parte essencial da minha vida. Se alguém estiver em perigo e me chamar, irei a correr, seja para onde for.”
Que esperam os homens do capital? Ir semear acções para o mundo do sono eterno?
A reencarnação fica a milhões de anos e é possível. É a junção da poeira do que fomos com a poeira da desintegração, muito bem misturados, destruídos e reencarnados tal como o bicho da madeira ou as larvas que aparecem por geração espontânea.
Estes bicho-homens enterraram acções durante dezenas de milhões de anos. Será que julgam reavê-las? Já pensou o que são milhões de anos quando a vida não ultrapassa os noventa e, se o consegue, já é uma canseira?
Se todos aqueles que conheceram Diana lhe seguirem o exemplo, milhões de pessoas passarão a viver melhor no mundo. Só os governos pensam mais nas guerras e nos exércitos do que no amor. É forçoso obrigá-los a repensar a vida.


A visita aos terrenos minados de Angola e da Bósnia foi o alerta vermelho para os sanguinários da guerra, para aqueles que condenam homens por roubarem uma sardinha, mas não se condenam a eles por estropiarem ou matarem milhões de pessoas.
Condena-se Hitler ou Estaline e não se condenam aqueles que vendem armas todos os dias, aqueles que fazem as guerras a milhares de quilómetros de distância, sentados em confortáveis poltronas e saboreando o ar condicionado e as mordomias.
Diana propôs-se denunciar todas estas situações dando pequenos passos.
As suas intenções foram descobertas e silenciadas de uma forma subtil porque estes “invertebrados” sabem proteger-se até ao dia em que alguém mais forte os desmascare.
A elegância de um corpo feito de céu e nuvens, de uns olhos azuis, cor do mar e do céu, esvoaçou sobre os campos minados e explodiu no túnel da Alma.
A visita a Angola foi um teste de fogo à sua coragem, à sua sensibilidade e à sua simplicidade. Percorreu os corredores incríveis de alguns hospitais apinhados de doença e miséria e, quando já os doentes estavam deitados, ela voltou e viu de noite o que seria impensável e quis ir ao Kuito onde a morte e a destruição fazem fugir os mais valentes. Diana não recuou. Era preciso mostrar ao mundo o horror daquela carnificina inútil.
Foi o tiro certeiro no poder dos governos que vendem a morte ao domicílio. Diana chamou os bois pelos nomes e os ex-governantes do seu país zangaram-se. E os governos das nações que vendem armas com mais liberdade do que aqueles que vendem cocaína e heroína pensaram que ela estava a exagerar. Tirar-lhes o dinheiro da morte oficializada? Eles que lutam contra os traficantes da droga porque ainda não encontraram meios para a vender sem causar escândalo? Ela não podia fazer isso e foi condenada. Juntaram as secretas e escolheram a melhor maneira de a abater.


Diana chamou a atenção do mundo para as grandes injustiças. Países riquíssimos como Angola e Moçambique são paupérrimos porque outros países compram os seus produtos a troco de armas em vez de alfaias agrícolas.
Os miseráveis espremem os que mais precisam. E vendem armas a uns e outros e depois vão lá para acabar com a guerra e experimentar novos armamentos.
Estes miseráveis são autênticos vómitos da sociedade.
Há depois os outros sanguessugas que lhes compram os produtos que eles vendem para comprar armas, com 50% e 60% menos do que valem, sabendo que quem vende tem de semear ou fabricar e tem de sobreviver com lucros de 2 e 3 por cento. É a canalhice da vida e será a destruição do mundo pela ganância e pela cegueira de alguns. Os ricos que assim procedem lembram-me Hitler louvado por todos, antes da II guerra mundial, incensado por multidões que o aplaudiam no esbulho dos outros países. Hitler continuou errando até ao caos, à ruína e ao suicídio.
Só aqueles que souberem produzir e distribuir riqueza se salvarão. Os outros, os miseráveis que só pensam neles, receberão o ódio de quem os conhece e o seu destino ou o dos seus descendentes será a dor e o luto. A Natureza não perdoa a quem esmaga os seus filhos.

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