Para aqueles que não entendem, ou não querem entender a magnífica aventura em que estão envolvidos, a vida é um purgatório sem beleza e um eterno aborrecimento.

Quem disse que só o bom era desejável, consumível e seguível?

Também há quem goze pela amargura, pela dor e pela morte que é talvez o mais requintado dos paladares da vida.

De facto, o mal não é outra coisa senão a outra vertente do bem.

Um maná com outro sabor. O mel da amargura.

Cristo que foi Cristo, tomou das mãos do pai o cálice da amargura, e iniciou com ele, o prazer do sofrimento.

Não há bem, nem mal.

O calor mais intenso faz parte do universo, assim como dele faz parte o frio mais profundo.

Nenhum deles é o mal. São os dois essenciais e necessários.

A felicidade está em ambos os lados.

Só é infeliz quem ficar do lado errado. A escolha só pode ser nossa. Atirar as culpas sobre os outros ou sobre as adversidades da vida, é tentar enganar-se a si e aos outros.

Nós é que temos de escolher o lugar que mais nos convém.

Para a igreja cristã que elegeu sempre os seus santos com base no sofrimento, na morte, no flagelo e muitas vezes na morte violenta, só esta forma de vida lhe convém. Só os mártires são o cimento do catolicismo e do cristianismo.

Cristo, ao pedir na cruz, perdão para os seus assassinos disse: perdoai-lhes Senhor, porque julgando que cometem um crime, eles não sabem o que fazem.

Crucificando-O, criaram para sempre a Sua glória e fizeram Dele definitivamente Deus.

A FELICIDADE ABRE-NOS

AS PORTAS

A felicidade pressupõe a junção de um conjunto de factores que devem irradiar em todas as direcções.

O homem, cuja capacidade e inteligência ilimitada já foram testadas, é capaz de eliminar da terra a doença, a miséria e a guerra.

Eliminados os factores que corroem o bem estar de cada um, o homem só tem de viver o mundo que o rodeia.

O homem será tanto mais feliz quanto maior for a sua capacidade de observar, de entender, de gozar o mundo que está à sua volta. De saber ler as pessoas. Fazê-las partilhar no seu dia a dia as suas alegrias, as suas dúvidas, as suas curiosidades e deslumbramentos.

Sartre disse um dia " O inferno são os outros".

É verdade. De facto, o inferno são os outros, mas a felicidade também passa pelos outros.

O homem só. O solitário é que não tem escolha. Esse é sempre infeliz.

Se tomarmos a vida como um aborrecimento, tudo nos causa mal estar e confusão.

O nosso corpo dá a cada um de nós imensas preocupações e afazeres.

Todos os dias nos lavamos, nos penteamos, nos vestimos, nos alimentamos, nos divertimos, nos informamos e nos cultivamos.

Estes cuidados, que cada um toma consigo, mesmo que decaiam quando o espírito começa a funcionar mal, isto é, quando entramos em depressão ou em loucura, são essenciais para reencontrarmos o equilíbrio.

Esta acção reflecte-se naqueles que amamos, sobretudo nos filhos que julgamos a nossa imagem perfeita e aos quais fazemos o que desejaríamos que nos tivessem feito a nós.

Assim, torna-se possível encadear os seres uns nos outros, fazendo de nós um grupo de indivíduos, cada um apaixonado por si próprio, mas exercendo a sua paixão nos que estão próximos, sobretudo naqueles que geramos.

A vida, é algo tão extraordinariamente bem equilibrado que ela, encaminha o homem para onde deseja.

É PREFERÍVEL SER HOMEM OU SER DEUS?

As formas de felicidade são muito diversas e tomam características diferentes consoante cada um.

De uma coisa temos a certeza; é a de que o homem é capaz de resolver tudo, desde que a vida ou a morte o empurre para isso mesmo.

Em circunstâncias extremas, não há problema que não se ultrapasse, mas para que isso aconteça, é preciso não nos darmos por vencidos.

Temos de estar sempre confiantes e certos de que querer é poder.

Para se atingir a felicidade temos de ter autoconfiança. Temos de ter fé naquilo que pretendemos realizar.

É essencial acreditar em nós e naquilo que fazemos, para atingir na vida tudo quanto ambicionamos.

O poeta português Fernando Pessoa, disse um dia: " O homem é um deus de outro Deus maior". Nesta frase, ele deixava bem explícito que ao homem nada é impossível. Atingir a felicidade é só uma questão de querer.

Embora o poeta não destrinçasse se era homem ou deus, o que ele tinha a certeza é que ambos eram feitos da mesma massa, tendo as mesmas capacidades, tendo os mesmos desejos e tendo o mesmo destino.

O destino de Deus e o destino dos homens é um e único.

Vários pensadores interrogam-se sobre o que é preferível, se é ser Deus, ou se é ser homem?

Muitos afirmam que é preferível ser homem. Porque ser homem tem ainda para escolher entre o bem e o mal, e nunca se sabe se é preferível o bem ou se é preferível o mal. Muitos, tiram um prazer redobrado e alternado de cada um destes aspectos.

Segundo alguns, Deus é realmente o homem condenado ao bem, como o "diabo" é o homem condenado ao mal.

Neste caso, nós somos os deuses que podemos escolher entre o bem e o mal.

Os mesmos pensadores, afirmam convictos que o homem não é filho de Deus, mas o verdadeiro deus sobre a terra e que, em qualquer momento, ele pode decretar e fazer com que todos os homens sejam felizes.

Durante o nosso dia a dia, nós, por vezes, somos anjos e somos virados para o bem, como meia hora depois, somos diabos negros, capazes de destruir, em alguns minutos, o que levou séculos a construir.

Não há dúvida nenhuma que nós somos os verdadeiros usufrutuários do bem e do mal.

Enquanto Deus tem o bem, o Diabo tem o mal. Nós temos o bem e o mal.

Segundo os mesmos pensadores, nós somos mais poderosos do que eles.

Eles vivem daquilo que a gente decide escolher.

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