O Povo não sabe mais porquê? Porque não estuda. E não estuda porquê? Porque não tem tempo. Trabalha de manhã à noite, ganha pouco e como não sabe esticar o dinheiro, reza. A reza é o único bem que lhe sai barato e lhe dá esperança para continuar a viver e a servir. O mal não é rezar. O mal é transfigurar a reza e fazer dela uma obsessão incapaz de transformar as orações em pão, dinheiro e bem-estar.

Os sacerdotes das diferentes igrejas têm de compreender que estão no século XXI e que eles têm de ensinar a complementar as rezas com acções; com trabalho, com estudo, com conhecimento. Têm de ajudar o Governo a mudar as mentalidades. É um erro continuar a insistir que "dos pobres é o reino dos céus". É uma infâmia. Mesmo que houvesse céu, os pobres nunca lá entrariam porque a fome e as dificuldades fazem que cometam actos e profiram palavrões que os legisladores eclesiásticos reprovam segundo os cânones estabelecidos. Por favor! Estamos no século XXI. Deixemo-nos de ilusões e de mentiras. O reino dos céus é neste mundo.

As religiões, mais do que instituições para descobrirem e imporem novos deuses são veículos para complementar a educação dos povos. Oiçam Maomé quando fala para Fátima: "a higiene é uma manifestação de fé". Os religiosos substituem-se aos políticos nestas regras fundamentais para o olfacto humano e, quando os políticos se mostram incapazes de governar, eles tomam-lhes os lugares.

As pessoas têm de ser motivadas a tirar o máximo de rendimento das suas capacidades e a não se envergonharem de trabalhar, tanto as analfabetas como aquelas que têm cursos superiores.

No barco estamos todos e todos temos de sair desta gravíssima situação que em 2005 nos encontramos.

Um dos grandes obstáculos dos Governos, em Portugal, é em saber fazer passar a mensagem. Quando o tentam, a oposição barra-lhes o caminho. Quem está na oposição, obstrui. Usa qualquer método para derrubar o Governo e quem as paga é o Povo, sabendo perfeitamente que todos saímos prejudicados.

O PCP e o BE abusam do bota-abaixo, o que os desacredita.

Não é compreensível que os Governos façam tudo errado. O povo não é tão parvo como o fazem e os resultados reflectem-se nas eleições.

Como estou em maré de revelações não me custa nada dizer que já votei no PCP, eu que em plena Assembleia declarei que com o PCP nem para o céu ia, só para ver se esta política de incertezas e fantasia mudava.

Embora tenha sido mimoseado, muitas vezes, no Parlamento, com protestos de fascista, mostrei, a mim mesmo, que ao votar no PCP respeitava o Partido, embora tivesse muitas dúvidas quanto ao resultado do voto. Aquilo que eu fiz deve-o fazer o Povo Português; tenta acertar ou abanar as estruturas para ver se o País entra nos eixos. Umas vezes vota nuns, nas seguintes vota noutros.

Somos dez milhões. Ninguém sabe ao certo quantos somos. Sabemos que somos dez milhões, mais coisa menos coisa. Isto é um País de incertezas e de improvisos, mas imaginando que somos dez milhões, só quinze por cento vivem razoavelmente. Os outros servem. É um País de serviços. Esticando mais a palavra...é um país de serviçais. Isso devia-nos envergonhar. Somos poucos e devíamos ser todos bons. Todos devíamos ser altamente especializados e viver ricos e felizes. A felicidade dá saúde.

O Povo Português é um povo dócil, inteligente, sensível, amoroso, quando o tratam bem. Mas quando se sente aguilhado é imprevisível. O santo pode transformar-se, em segundos, no pior criminoso, no maior facínora e não se arrependerá, se julgar que tem razão. Quando compreende que errou, humilha-se e envergonha-se do que fez. Se puder repara o dano que causou, nem que para isso leve toda a vida. É por isso que é um equívoco e um desperdício gastar dinheiro em prisões. É aí que o português se torna marginal. É aí que ele ganha ódio à sociedade, quando compreende que o castigo podia ser transformado em trabalho a favor da comunidade. A cadeia é a Universidade que nunca teve. Quando sai vai cobrar o preço e espera o tempo que for preciso para se pagar da injustiça.

Mas neste país, a par deste povo afável, há uma casta de indivíduos que se julgam acima dos pecados de quem pouco ganha porque pouco sabe. Esta espécie são as Virgens de pecados: não prevaricam, não insultam, são bons pais e mães, não dão facadinhas no matrimónio, e querem que todos obedeçam ao que eles ordenam...enfim, são uns refinadíssimos dissimulados e mentirosos. Com estes tipos todo o cuidado é pouco.

Não é mais sensato ajudar a resolver os problemas do que aumentá-los? Não. Eles pensam, que dessa maneira, podem tirar benefícios de um Povo que ainda tem um milhão e meio de analfabetos e oito milhões e meio de indivíduos que sabem ler e escrever. Destes oito milhões e meio, sete milhões não compreendem bem o que lêem. Por último, há quase quinhentos mil, com cursos superiores.

Por estas razões vivemos num País:

De desconfiados

De pequenas traições

De pequenos rancores

De invejas mesquinhas

De falsos preconceitos

De falsos puritanos

De improvisadores inconsequentes

De imprudentes por natureza

De individualistas sem remédio

De egoístas ordinários

De hipócritas sem-vergonha quando defendem, com unhas e dentes, os mais desfavorecidos, e por trás lhes chupam corpo e alma, arranjando fortunas colossais, nunca explicadas, e que nunca serão capazes de gastar em vida ou de lhes dar qualquer utilidade.

Agarrem num político, daqueles que dizem que os políticos ganham pouco, e vejam a fortuna que esconde e a que está à vista.

Os governantes têm dinheiro para tudo: para carros de alta cilindrada e de altíssimo preço. Têm gabinetes luxuosíssimos. Pagam somas astronómicas por estudos que deitam fora. Esbanjam dinheiro em pagamentos imorais. O caso das SCUTS é um exemplo que custa acreditar. O Estado paga 700 milhões em cada ano e durante quinze anos. Segundo cálculos de gente de fora do Governo, ao fim de três anos as SCUTS estariam pagas com juros altíssimos e isto ficaria por aqui, mas não, elas continuam a ser pagas durante mais doze anos. Quem é que se lembraria de construir dez estádios de futebol, quando cinco seriam mais que suficientes? Quanto custaram? 800? 1000 Milhões? Interromperam a construção da barragem, em Foz Côa, porque as gravuras não sabiam nadar, mas ninguém teve a coragem de dizer que elas não se afogavam. Com este despautério travaram o desenvolvimento da região e deitaram para o lixo 500 milhões de euros. Como é que assim se pode governar um País? Este despesismo malbaratado, junto com milhares de compras acima dos preços reais tem corroído o Estado e todos os cidadãos.

Afinal quem é que se está a governar à conta de todos os portugueses?

Tanto os políticos de esquerda como de direita e das extremas se tapam mutuamente, embora se combatam com fogos de artifício.

Lembro-me que depois do 25 de Abril, o Dr. Ramiro Valadão foi levado a tribunal por oferecer um ramo de flores a uma senhora, com o dinheiro do Estado, e que essa postura nos recordava que o dinheiro do Estado é sagrado e que não pode ser jogado fora de qualquer maneira. Como vão longe as boas intenções. E com que custos! Onde está a democracia? Onde está a honradez? Onde está a coerência?

O Estado, com Governo instalado em Lisboa, gasta e desbarata, só ele, metade do que Portugal produz. Denunciei esta atitude na Assembleia da República com a intervenção intitulada "Os Saques de Lisboa sobre a província", ver: Intervenções _ Internet www.cunhasimoes.net Mas tudo cai em saco roto. Por esse motivo me retirei da política.

Há empresas onde o Estado é accionista e em que os ordenados são cem vezes o ordenado mínimo nacional, outras um pouco menos e outras bastante mais. E não lhes falo das gratificações de fim de ano que atingem somas astronómicas e escandalosas. Não é o ganhar mais que escandaliza perante a situação em que nos encontramos. É o ganhar excessivamente demais. Um administrador chega a ganhar num ano tanto como 500 trabalhadores. Até se pode justificar esta disparidade num país rico. Neste momento pede-se sobriedade a toda a gente. Claro que estes lugares estão reservados à esquerda e à direita que se vão revezando no poder e aos outros Partidos que por isso escondem estes cambalachos.

Admira-me como a Imprensa não agarra estes assuntos e não os toma como desígnios nacionais a que deve prestar atenção antes que o País soçobre.

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