A FESTA INOPORTUNA

Em Julho de 97, Carlos, com uma insensibilidade e um despudor inimagináveis, para não dizer falta de senso ou um mínimo de inteligência, resolveu obsequiar a sua amante, Camilla Parker Bowles, com uma festa de arromba na sua casa de campo, em Floucesteshire.
É o impensável num príncipe destinado a reinar. É o despudor, a deselegância e um péssimo exemplo para os súbditos de sua majestade.
Carlos e Camilla recebem os convidados com o mesmo à vontade de um casal normal.
Os amantes assumem o caso durante os últimos vinte e cinco anos. Parte deste tempo, Camilla esteve casada com Andrew Parker-bowles e a assumpção do duplo adultério é passado na praça pública como se de uma corrida de touros se tratasse e eles fossem os triunfadores.
Dois coitados, por maior respeito e até alguma simpatia que me mereçam Carlos e Camilla.
O Carlos tampax, como foi apelidado o herdeiro da coroa, está sem honra, e a glória nunca a terá, pois as guerras entre os “Cavaleiros” e os “Cabeças Redondas” já não se vislumbram nos tempos actuais. A armadura do guerreiro não passa mais do que de um “armado” Carlos. Ele enganou e foi enganado só por sua culpa. Só por sua vontade. Só por seu gosto. Como se as mulheres que passam pelas mãos de outros sejam aquelas que ele mais aprecia.
Diana não conseguiu manter a serenidade. Ela amava este homem de gostos asiáticos, e de refinados prazeres sempre imaginados ao minuto, até que a função acaba e ele fica exausto e satisfeito como um príncipe oriental. Diana nem tinha experiência, nem queria outro senão um Carlos que, em vez de a ensinar com doçura, o fazia com a brutalidade e a arrogância que lhe estimulam o prazer.
Diana é o símbolo da mulher insubmissa por nobreza. É a mulher que não permite deselegâncias ao marido. Ela respeita-o, admira-o, ama-o. Ele tem de proceder de igual modo. Foi ele que a pediu em casamento.
Diana era terna, delicada, firme nas suas decisões mas incapaz de resistir à violência do ciúme.


Diana considerava-se de estirpe igual à da rainha. A sua linhagem datava dos princípios do século XV. Conta-se que, ao ser perguntado, ao 8º conde de Spencer, se a filha tinha pergaminhos para aspirar a ser rainha, o conde respondeu com altivez: “A questão é se os Windsor têm pergaminhos que cheguem para nós.”
O 8º conde de Spencer pertencia aos “Whips”, antigo partido de aristocratas que olhavam com desprezo para a família real.
No século XVII, Carlos I concedeu o título à família Spencer e, a partir daí, os Spencer alargaram fortuna e poder sem, no entanto, entrarem na família real, até que aconteceu com Diana. Isso fê-la muito feliz enquanto viveu o sonho de mulher. Quando se sentiu traída, juntou todas as suas frágeis forças e mediu-as com o príncipe. Este não entende a atitude da mulher. Ela sempre fora reservada, carinhosa e muito sensível. Carlos julgou que ter-lhe dado a honra de ter casado com ele já era suficiente. Um dia, a princesa de Gales seria rainha.
Diana não aceitou um trono em troca da subserviência. Era de estirpe igual à dele e nunca lhe permitiria que a trocasse por outra mulher. O príncipe não entendeu esta atitude. Tornou-se mais intransigente e imprudente. Diana voltou a insistir que os deveres de fidelidade são comuns aos homens e às mulheres.
A família real ainda não tinha compreendido que, para além das aparências, estão os sentimentos.
Havia já casos na família; Eduardo VIII, Margarida, Ana, André, mas parece não terem sido suficientes para compreender que Diana não estava grata por pertencer à família real. Diana poderia pensar a mesma coisa; que a família real lhe deveria estar grata por lhe garantir a continuidade com dois robustos, saudáveis e simpáticos jovens, do mais puro sangue inglês.
Diana sabia que a monarquia é a base de união do povo e nunca a poderia destruir.
Diana era uma inglesa de linhagem. Ao seu voluntarismo juntava a intuição e a educação. O destapar da sua privacidade foi para ela muito doloroso mas necessário.
Diana era muito diferente de Camilla, por isso a obsessão de Carlos por esta.
Carlos não soube encantar Diana para ela se abrir nos desejos mais caros ao príncipe. Ele não soube esperar... Voltara para Camilla que, conhecedora de todos os segredos do amor, indiferente à forma e à posição, o faz sentir, em todos os actos, rei do mundo e o transforma noutro tio Eduardo, nos braços da senhora Simpson que, de amor, sabia muitíssimo mais que Vénus. O rei abdica, deixa tudo e entrega um reino por uma boceta.
Carlos também ajoelhou, rendido ao sacrário de uma mulher que o deixa beijar e possuir com prazer, veneração e êxtase, todas as partes libidinosas de um corpo insaciável.

O AMOR NÃO TEM REGRAS

O amor não tem regras. A compostura ninguém a consegue manter mais do que o tempo necessário para imaginar qual a posição e a sensação mais apetecível. Depois vale tudo, no masculino ou no feminino.
As consequências? Enquanto se ama não se pensa nas consequências.
O amor, enquanto se pratica, não admite interferências. Há cegueira e obliteração do raciocínio. Todo o poder do discernimento fica bloqueado.
Reis, príncipes, presidentes, multimilionários, pobretanas, bichos de conta, elefantes e todos os outros animais procedem, no capítulo do amor, na cama ou na erva, como loucos, a fazer envergonhar qualquer descarado mais atrevido.
Quem é que não procura amor e segurança? Por que há-de ser diferente, nestes aspectos, uma princesa?
Vamo-nos repetir? Pois vamos. Temos necessidade de compreender por que tudo isto aconteceu.
Diana, ao assumir uma ligação a outro homem que não a Carlos, fá-lo para espevitar o marido. Carlos continuou surdo e aconteceu o imprevisível; a futura rainha arranjou um amante de conveniência e até disse que gostava dele para vexar o ainda marido, já que ele tinha declarado tempos antes que Camilla era a sua preferida.
E Camilla ainda estava casada. Aqui aparece mais uma insólita interrogação. Qual seria o papel do marido de Camilla? O homem não teria sentimentos? Como é que ele se sentiu quando soube que a mulher há muito o enganava? Ou será uma honra servir a casa real, mesmo neste campo?
Por último, perante a festa de semi-noivado entre Camilla e o príncipe Carlos, Diana vai responder com o seu noivado com Dodi Al Fayed. A provocação era demais. Por muito menos Henrique VIII tinha mandado cortar duas cabeças.
A princesa tinha os dias contados, não por ordem do seu príncipe desencantado, mas pelas forças ocultas que, mais poderosas que reis e presidentes, governam o mundo e não perdoam tanta afronta por amor.
Amor a um homem poderoso que não a soube amar.
Amor aos desempregados
Amor aos desalojados
Amor aos marginais
Amor às crianças
Amor aos velhos
Amor aos leprosos
Amor aos doentes com sida
Amor aos doentes de cancro
Amor à vida e aos prazeres
Amor à paz em detrimento dos quartéis, dos exércitos, das minas e das guerras.
Estava condenada à morte.
Diana foi condenada por ter amado com a sua maneira afectuosa e estranha de amar.
Ela sabia-o e não se importou.
Ela sabia que o amor é a semente.
Ela sabia que, quando os homens fizerem explodir o mundo, ele voltará a renascer se depois do holocausto tiver ficado uma gota de amor.


Diana explodiu em beleza e amor para o mundo acordar para uma nova era.
Ao apertar os mortos vivos no coração, ofendeu a morte que não perdoou.
Nem foi o motorista, nem a velocidade, nem os paparazzi que mataram Diana. Foi a morte chegada por telepatia que não lhe perdoou que ela robustecesse a vida ao dar esperança aos leprosos, aos cancerosos, aos desalojados do amor, às vítimas da guerra, aos órfãos, aos doentes terminais, aos sofredores da sida e atacasse os senhores da guerra e pusesse em causa as regalias e as prerrogativas da Casa Real.
A morte matou à traição a bondade, a beleza e a juventude.


DIANA PROPÔS-SE AJUDAR O SER HUMANO

Aqueles que não acreditam num Ser Superior e escolhem ser filhos de um calhau rolante e incandescente pensam que o homem irá dissolver-se no Universo e regressar às origens. Mas, para que isto aconteça e as gerações vivam mais uns milhões de anos, é necessário que não se auto-destruam conscientemente.
A campanha anti-minas de Diana era um começo para a sua campanha anti-armas, anti-destruição.
A venda e a compra de armas voltam-se contra o comprador, o vendedor e as vítimas.
Os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Rússia, ao venderem armas à Arábia Saudita, aos países do Médio Oriente, Norte de África e Sudoeste Asiático e ao mesmo tempo a Israel, ao Koweit, e à Coreia do Sul e à Turquia, etc. estão a transformar o mundo num verdadeiro barril de plutónio, pronto a explodir em todas as regiões do mundo, e em qualquer momento.
Diana compreendeu o assunto, assim como as insuficiências do homem.
Apesar do seu ar machão e enérgico, o homem não resiste a umas saias, a uma cara bonita e sedutora. Diana conhecia-lhes o ponto fraco: conquistaria os conquistadores com a ternura dos olhos, o sorriso dos lábios e a intuição feminina. Mas os Serviços Secretos (S.S) estavam lá. Eles sabiam o que lhe ia nas intenções. Diana nunca pensou que tudo se precipitasse com tanta rapidez.
A morte não a amedrontava. Essa temeridade foi-lhe fatal porque a morte existe realmente na perversidade dos homens e em representação dos deuses, cujo ministério não se vê mas é actuante. Os gregos chamaram-lhe Hades, o deus dos mortos, para lembrar o efémero.


EMBAIXATRIZ DOS NECESSITADOS

Nelson Mandela definiu Diana como a embaixatriz dos necessitados do mundo inteiro. Foi isso que aconteceu. Diana abriu as portas a todos os infelizes, chamou para eles as atenções através da rádio, da televisão e dos jornais, o que obrigou governos e motivou milionários e multinacionais a dar-lhes protecção.
Com o seu ar aristocrático, nunca arrogante, alta, loira, de olhos muito azuis, muito elegante e com uma intuição fora do vulgar, Diana tornou-se na embaixatriz ideal.
A princesa era naturalmente boa e compassiva sendo ao mesmo tempo uma jovem normalíssima e gostando de conviver e de se divertir.
Ela conhecia perfeitamente a natureza humana e as suas palavras saiam-lhe naturais, cheias de força e de graça.
Ela espalhava felicidade e amor em quem tocava ou com quem conversava. Fez sentirem-se felizes e capazes de encarar a vida os sofredores da miséria ou as vítimas das guerras. Pensar ou sonhar com a princesa era remover muitas das tristezas da vida.
Para Diana todas as pessoas de todas as raças e de todas as religiões lhe mereciam o mesmo respeito.
A sua popularidade era tal que ofuscava quem estivesse a seu lado. Isso devia-se não só à sua simpatia e à sua beleza mas à força das causas a que se dedicava. As campanhas humanitárias em que colaborou foram verdadeiros sucessos a nível mundial.
Diana não era só vista mas ouvida com respeito. Socorria todos os necessitados e tornava-se num deles, conversando, rindo e tocando-lhes com todo o à vontade. Ela sabia que isso lhes daria a força de que necessitavam.
Agarrava as crianças com carinho, punha-as ao colo, ouvia o que elas diziam, ou andava no meio dos sem casa, dos marginalizados, nos hospitais, ou nos campos minados.
Todos a adoravam porque Diana era real, verdadeira e todos sabiam que as suas palavras correspondiam àquilo que fazia e ao que pretendia continuar a fazer. Ela tinha uma vida activa e útil.


Outra das características de Diana era a sua incomensurável modéstia. Do seu trono de princesa ela só usufruía o encanto e a simpatia que espalhava naturalmente e com eficiência. As pessoas sentiam amor, esperança, carinho, algo que nem reis, nem rainhas, nem ministros têm sabido usar com tanta delicadeza.
Diana foi a jóia da coroa real britânica que a casa real subestimou.
Diana nunca ficou agarrada aos seus desgostos. Levantou a cabeça e enfrentou os desafios a favor do que pensava ser justo.
Os jornais e as revistas descobriram em Diana uma fonte de ligação com o grande público. A sua capacidade mediática era desmedida. Todos aproveitaram esse filão que parecia inesgotável. Infelizmente, os maiores beneficiados nem sempre souberam proteger a sua jóia mais preciosa e exageraram. Não os verdadeiros profissionais, mas aqueles que pretendiam, a qualquer preço e, sem olhar a meios, atingir os seus objectivos.
Muitas revistas e jornais resolveram os seus problemas financeiros com os problemas de Diana.
Mas os jornais e as revistas foram pródigos com Diana e fizeram o que mais ninguém conseguiu. Diana ficou conhecida em todo o mundo e deveu-o aos media.
O interessante em tudo isto é que, mesmo aqueles que alguma vez deram uma imagem menos feliz da princesa, não a beliscaram minimamente. O mundo só aproveitou e só fixou o que de bom a princesa fez. Contudo, a princesa tinha contado os seus dramas, desmascarado a hipocrisia; tinha-se exposto.
Noventa e oito por cento dos que a conheceram através das revistas, dos jornais, das rádios, das televisões estão ao seu lado.
Apesar de a comunicação social ser acusada de massacrar a princesa com fotografias e reportagens, pagava-lhe em divulgação das obras que a princesa protegia, como no caso dos leprosos ou dos doentes com Sida, ou indicava de modo a que o mundo fosse motivado para os injustificados problemas da humanidade.
Diana aproveitou toda a sua popularidade para canalizar o pensamento dos favorecidos da vida pelo nascimento, para os desfavorecidos da vida pelo sofrimento.
Com o seu casamento, estas acções multiplicaram-se mas não eram notadas pelo público em geral.


A força que ela concedia aos media, revistas, jornais, televisão, revertia-as em favor dos infelizes.
Diana sabia que tinha necessidade de divulgar a sua imagem para atingir os objectivos: acabar com a miséria, a discriminação e a guerra em todas as suas formas.
Aqui principia a viagem para a morte depois do divórcio. A escritora Barbara Cartland depois do acidente escreveu: “Ao retirarem-lhe o título de Alteza Real, deixou de ter os guarda-costas, altamente treinados e especializados, para verificar carros e condutores.” Na verdade, seriam inúteis, como demonstrarei adiante.


A sua elegância deu volta ao mundo nas mãos dos melhores costureiros. A indústria agradeceu-lhe. A Grã-Bretanha aumentou as exportações e o P.N.B. A princesa era, sem nada fazer para isso, a embaixatriz da moda. E vestisse uns simples jeans com uma blusa, tal como fez em Angola na campanha anti-minas, ou deslumbrasse com vestidos de Zandra Rhodes, Catherine Walker, Bruce Oldfield, Elizabeth Emannel, Dica, Gucci, Versace, Armani, Levi’s , Rifat Ozlek ou outros que lhe pediam a sua benção no lançamento da casa, o que ela fazia discretamente, tudo era sucesso.
Mandou leiloar, mais tarde, estes fabulosos vestidos para com o produto da venda acorrer a doentes de cancro e Sida. A República do Togo em África, impressionada com este gesto magnânimo e altruísta, homenageou a princesa lançando uma série de selos postais com Diana envergando alguns dos seus vestidos.
Quando precisou de dinheiro rápido para uma das suas obras de assistência, Diana não hesitou em posar para a revista Vanity Fair. O dinheiro que lhe pagaram foi directamente para essa instituição de caridade
Diana entendeu o alcance do sofrimento e ofereceu-se pelas boas causas.
Insistimos: Diana compreendeu que, com um pouco de sacrifício, um sorriso nos lábios, uns olhos brilhantes de malícia doce, uma elegância fora do comum, conseguia juntar o dinheiro suficiente para lavar a face da Terra e convencer os poderosos do mundo a usar o amor em vez da guerra. Ela lança-se decididamente na batalha.
Quem não gostava desta publicidade eram os S.S. que viam em Diana um foco de desestabilização.
Diana foi sempre a embaixatriz dos necessitados e a embaixatriz dos desesperados.
Infelizmente, perdemos a nossa melhor combatente mas não perdemos a guerra contra a guerra e contra todos os sanguinários que, nos seus gabinetes de ar condicionado, a desencadeiam e a comandam.


OS NÚMEROS DO ESCÂNDALO

O encontro de Diana com Madre Teresa marcou uma viragem determinante nas suas atitudes.
Madre Teresa era como Diana, uma mulher de intuição apurada. Interessava-lhe mais a acção do que a palavra. Apresentou a Diana os números da vergonha: num mundo com cinco biliões e novecentos milhões de habitantes, mostrou-lhe o lixo dos seres humanos. Um bilião de pessoas analfabetas, um bilião e meio ganhando menos de que 20 dólares por mês, oitocentos milhões só cheirando restos de alimentos, três biliões sem saneamento básico, um bilião e duzentos milhões sem água potável, 250 milhões de crianças trabalhando como escravos.
Madre Teresa disse-lhe que este mundo é a vergonha de Deus e que poucos têm coragem para desmascarar situações como estas que, de um momento para o outro, podem subverter a paz dos países ricos.
Diana assegurou-lhe que o mundo em breve seria diferente e que a prosperidade, a igualdade e a fraternidade seriam globais nem que para isso tivesse de arriscar tudo quanto tinha alcançado.
Madre Teresa convenceu-se que tinha em Diana uma óptima aliada e que era possível dar “a volta ao mundo”. Hoje os conhecimentos científicos são tão poderosos e eficientes que num ano se pode transformar um país pobre e destruído num país próspero e evoluído. Deu-lhe como exemplo Moçambique que, ajudado e com os conhecimentos aí postos, volta a progredir rapidamente. Disse-lhe que a guerra é o mal de toda a humanidade e que os países gastam em armas o que devia ser canalizado para o desenvolvimento. Ensinou-lhe que o amor não acaba, e abrange todas as raças, todos os credos e todas as políticas. É indiferente o que são e o que professam. Só conta o ser humano com todo o seu sofrimento.


O ar limpo, natural, sem cheiro a vinho ou a tabaco e a pureza de intenções davam a Diana uma aura de conto de fadas. Isso seduziu biliões de pessoas em todo o mundo.
Diana e Madre Teresa, duas mulheres tão diferentes e tão iguais. Madre Teresa cujo desinteresse pelos bens do mundo é sobejamente conhecida, apaixonou-se por Diana.
Era a fragilidade do corpo confrontado com a fragilidade das emoções.
Madre Teresa pressentia que a força daquela mulher vinha da angústia interior. Do cai e levanta, sempre num esforço titânico, para estar de cabeça erguida e fazer os outros felizes.
Madre Teresa de Calcutá oferece-lhe um rosário e entrega-lhe a sua “ inesgotável energia”.
Madre Teresa pressentiu em Diana a mulher que poderia movimentar milhões de pessoas a favor do mundo marginal: dos deserdados do dinheiro, da saúde, do carinho, das revistas, das televisões, daqueles que nem sabem que existem Madres Teresas ou princesas Dianas, mas sentem que eles vivem como larvas perdidas no mundo, sendo gente e não sendo nada. Para esses, Madre Teresa escolheu Diana.
Mas logo Diana, perguntarão? E por que não, Diana?
Já pensou nos seus próprios erros, naquilo que gostaria de fazer e não faz só porque não pode ou não tem coragem para o fazer? Ou será que só você tem direito de viver e a errar?
Diana podia até ser chamada de fútil. Quem não o é? Podia ser acusada de frívola. Quem não o é? Todos os cínicos se matam uns aos outros, com palavras, actos ou omissões.
Aqueles que em Diana só viram o escândalo, não perceberam, ou não quiseram perceber, que o escândalo é a melhor maneira de desmascarar a hipocrisia.
Diana sente-se feliz. Foi sempre o que sonhou; dar aos outros aquilo que não lhe fazia falta. Não o faz para esconder a sua vida. Vive em paralelo o amor à vida total, à vida que lhe é proporcionada pela posição e pelo dinheiro e à vida de entrega aos sem voz, àqueles que não têm quem os defenda.
Madre Teresa tinha 87 anos de vida e setenta de conhecimento dos homens.
Madre Teresa sabe que ela atingirá os seus objectivos: tratar e ajudar a recuperar os carenciados.
Ao tomar conhecimento da morte de Diana, o coração da velha senhora não resiste. A desgraça rouba-lhe as forças. Encomenda Diana a Deus, pede a todas as comunidades missas de sufrágio por Diana. A sua foi rezá-la com ela, no espaço infinito onde as almas flutuam, para não lhe acontecer o mesmo que na terra, onde muitos não entenderam as suas diferentes formas de amar.

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